A Polícia Federal brasileira detém 100 haitianos que desejavam entrar no país. É muito engraçada essa seletividade da polícia federal.
Em Fortaleza, Recife, Natal, para ficar em poucos exemplos, há centenas de espanhóis, italianos, alemães, sem visto, sem dinheiro, sem passagem de volta, sem educação. Enfim, só com vontade de frequentar bordeis. E a PF não os incomoda… Entram como turistas, para que não se precisa de visto, e ficam quanto tempo quiserem.
Os haitianos não podem ser admitidos como turistas? Será por conta da cor da pele? Será?
Só queria que fosse respeitada a reciprocidade entre Estados. Quem já foi à Europa sabe a forma como muitos brasileiros -ainda- são tratados na imigração desses países que mencionaste.
Houve uma época, não muito recente que éramos enxotados e humilhados em Madrid aos montes, lembras?
Em contrapartida, quando essa galera vem ao Brasil, muitos de nós ficamos com atenção e auxílio exagerados para com eles. Claro, que tem um pouco da cultura do brasileiro em receber bem, mas as vezes fico indignado com tanto “ajeitado”.
Intrigante e interessante é ver como as coisas vão mudando neste novo cenário mundial, brasileiros aos montes cheios de dinheiro pra gastar no velho mundo.
Estimado Thiago,
Concordo contigo sobre a reciprocidade.
Sempre foi tradição brasileira não dar a mínima para essa questão de entrada de estrangeiros e sempre foi possível entrar e ficar quanto tempo se quisesse. Claro, estrangeiros de tipo caucasiano, branco…
Nunca houve rigor na exigência de vistos ou de requisitos de comprovativos de local de estadia, dinheiro mínimo para subsistência, passagem de volta.
Atualmente, por exemplo, descobriu-se que vários trabalhadores estrangeiros no setor petrolífero, notadamente no Rio de Janeiro, entraram como turistas e ficaram trabalhando.
Não sou absolutamente contra esse relaxamento quanto à entrada e permanência de estrangeiros no Brasil.
Mas, acho um absurdo a aplicação seletiva da lei àqueles que são pretos e pobres, enquanto não há rigor algum com brancos europeus.
Coisa semelhante ao preconceito com os haitianos vê-se em São Paulo relativamente a bolivianos, paraguaios e peruanos, que geralmente trabalham em semi-escravidão nas indústrias têxteis.
Eles são vítimas de profundos preconceitos dos paulistas e paulistanos. Engraçado, como se São Paulo tivesse alguma origem nobre e honrosa!
O grande mito fundador de São Paulo são os bandeirantes! Um grupo de assassinos, ladrões, baderneiros, escravizadores de índios. Criminosos que todos na corte queriam à maior distância possível. É muito interessante, a propósito, ver a idéia que deles fazia o Padre Vieira.
E essa gente sente-se à vontade para destilar preconceito contra sul-americanos que vêm para trabalhar dez, doze horas por dia.
E nós, brasileiros em geral, que sempre experimentamos truculências como as de Madri são o melhor exemplo, agora nos sentimos à vontade para discriminar haitianos!