Na magnífica peça O doente imaginário, de Moliére, o médico tinha sempre a mesma receita para todos os males: purgar, dar clister e sangrar. Pouco importava a doença ou mesmo se ela existia realmente.
Advertido pelo Julinho da Adelaide, em comentário à postagem Europa: baixar salários e aumentar impostos. Eles só pensam nisso?, percebi que alguns grupos atuam segundo a lógica do médico da peça de Moliére.
Fernando Henrique Cardoso, o erudito iniciado nos mistérios eleusinos, foi esse médico por oito anos seguidos e ainda não despiu o jaleco. Durante seu consulado, o Brasil viu o desemprego aumentar constantemente. Ele propunha como remédio restrições aos direitos laborais e previdenciários, que seriam um arcaísmo a impedir a entrada no paraíso.
Os direitos laborais foram basicamente mantidos e os previdenciários recuaram um pouco. Agora, vigorando a mesma legislação trabalhista, criam-se milhares de empregos, a provar que o problema não eram as leis. Prova evidente, é bom que se diga, mas insuficiente para o médico buscar compreender outras terapêuticas.
Não me atrevo a supor que Fernando Henrique tenha a monomania do médico de Moliére por desonestidade, ou seja, por ter sido cooptado para isso. Não, ele não agiria por tais motivações, ele que é o fiador de um período em que nenhum negócio fez-se sobre que pairassem quaisquer suspeitas.
Fico constrangido de ter que flertar com a explicação que resta, ou seja, de que o homem que passeou com Aristóteles, assessorou Constatino no Concílio de Nicéia, poliu lentes com Spinoza, esteja errado. Pior, esteja e continue a estar, refém de uma monomania de purgas, clisteres e sangrias.
Outra mania interessantíssima era que a venda de tudo quanto fosse estatal seria remédio para os défices públicos. Vendeu-se o que se pode vender e os défices aumentaram.
Recentemente, o Estado brasileiro aumentou sua participação acionária na quarta maior companhia do mundo, a Petrobrás. Foi na operação de aumento de capital realizada há quinze dias, a maior do gênero já ocorrida, convém apontar. Curiosamente, andaram juntas uma maior estatização e a diminuição do défice público.
Como é possível isso?
teve uma parte aih q eu nao entendi quase nada… desculpa a ignorância caro amigo…
“poliu lentes com Spinoza, esteja errado. Pior, esteja e continue a estar, refém de uma monomania de purgas, clisteres e sangrias.”
Rapaz,
O filósofo judeu luso-holandês Bento de Espinoza (Baruch Spinoza)tinha por ofício fazer lentes de vidro ou cristal para óculos, telescópios, microscópios…
Daí, a forma mais evocativa de dizer que alguém foi íntimo dele é dizer que poliu lentes com ele kkkkkkkkk
Diz-se que Aristóteles pensava e ensinava caminhando, por isso ficou conhecido como o peripatético. Então, uma forma que achei de insinuar proximidade com o grande Aristóteles foi dizer que caminhou com ele.
Enfim, como um cidadão tão grandioso, que compartilhou as experiências com tais figuras, poderia estar errado.
As purgar, clisteres e sangrias eram tratamentos comuns no sec. XVI e adiante. Na peça O doente imaginário, de Moliere, tem um médico que receita essas terapêuticas para qualquer mal, como se fosse presa de uma mania.
Confesso que exagero nas associações.
Abração, meu velho.
Que nada poxa…
Eu eh q tenho que ler muito pra compreender algumas coisas…
Mas acho legal, eh lendo o Poção e aprendendo. 😀
E o doido? Apareceu no dia do aniversário? Faz mais de uma semana que tento falar com ele e nada. ehehehe.