Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Música (Page 36 of 37)

Geni e o Zepelin. Guy de Maupassant deve mesmo ser citado.

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Ouvi a música de Chico Buarque antes de ler Bola de Sebo, de Guy de Maupassant. Assim que li o livro – isso já há bastante tempo – pensei na música. Geni é uma Bola de Sebo alegórica.

Na época da ocupação prussiana na França, à volta de 1870, os burgueses de uma pequena cidade querem fugir. Há, na cidade, uma prostituta desprezada por todos, Bola de Sebo. O comandante alemão aceita passar um salvo-conduto para os amedrontados franceses de posses, desde que Bola de Sebo deite-se com ele.

Ela, a princípio e a despeito da profissão, encara a tarefa com certo asco. Tinha sentimentos próprios e, antes de tudo era francesa. Mas, aceita. Cumprida a missão e obtidos os salvo-condutos, volta a ser sumariamente desprezada, como antes, embora tenha sido a salvação dos que a desprezavam!

Construção, de Chico Buarque.

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Nunca tinha reparado, até que Alcides chamou-me a atenção. Todos os versos de Construção terminam em proparoxítonas. Isso dá um ritmo bem peculiar ao poema cantado e parece-me um recurso eufônico.  Na estrofe final, os versos, os mesmos, terminam nas mesmas proparoxítonas, alternadamente. E não ficam sem sentido! Um jogo difícil até para um bom esteta.

Uma casa portuguesa, por Amália.

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Quatro paredes caiadas, um cheirinho a alecrim, um cacho de uvas doiradas…

E uma das casas do vídeo, lembrei-me dela, que fica em Óbidos. A última fotografia, acho que é da ponte que divide Barcelos de Barcelinhos. Andamos um bocadinho por ali, à procura da divisão de veterinária, para obter os papéis da gata de orelhas amarelas.

Para não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, em 1968.

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O principal é a música. Ou, melhor diria eu, o poema cantado de Vandré. Ele versejou no condoreiro, arrisco-me a dizer. Bem ritmado, triste e guandiloquente, visionário.

Todavia, as imagens vêem a calhar. São pequeníssima amostra de quanta violência praticou-se abertamente contra todo tipo de gente, no período ditatorial brasileiro, de 1964 a 1985.

Atualmente, tornou-se moda considerar que essas violências foram alguma bobagem a ser esquecida. Qualquer tentativa de abordar o tema – aqui nem se fala de punir alguém – acarreta reações variáveis entre a tolice pura e simples e a patifaria.

Os cultivadores do presente contínuo – que equivocadamente chamam de futuro triunfante – acham anacrônico estudar história! Mas, de mocinhos e mocinhas satisfeitos, haveria outra coisa que esperar?

Disparada, de Geraldo Vandré, cantada por Jair Rodrigues.

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Disparada, composição de Geraldo Vandré, interpretada por Jair Rodrigues, no II Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, em 1966. Na ocasião, dividiu o primeiro lugar com A Banda, de Chico Buarque.

A poesia é bonita e forte, com a versificação simples e quase arcaica de Vandré, poeta ibérico nas formas. A interpretação de Jair Rodrigues é histórica.

A Foca, por Alceu Valença

Lembrei-me deste vídeo hoje pela manhã. A música A foca, cantada por Alceu Valença, faz parte do disco A arca de Noé, de Vinicius de Moraes. Vale a pena dar uma olhadinha.

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Alfonsina y el mar. De Ariel Ramírez, interpretada por Leopoldo Betancourt.

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A melodia já é tristíssima. Então, interpretada por Mercedes Sosa fica demasiado pungente. Só ao piano é claríssima.

Alfonsina Storni era poetisa. Argentina nascida na Suiça. Consta que suicidou-se caminhando mar a dentro, em 1938. Três dias antes de morrer, enviou a um jornal de Mar del Plata o soneto Voy a dormir.

Dientes de flores, confía de rocío,
manos de hierbas, tú, nodriza fina,
tenme puestas las sábanas terrosas
y el edredón de musgos escardados.

Voy a dormir, nodriza mía, acuéstame.
Pónme una lámpara a la cabecera,
una constelación, la que te guste,
todas son buenas; bájala un poquito.

Déjame sola: oyes romper los brotes,
te acuna un pie celeste desde arriba
y un pájaro te traza unos compases
para que te olvides. Gracias… Ah, un encargo,
si él llama nuevamente por teléfono
le dices que no insista, que he salido…

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