Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Desimportâncias (Page 12 of 13)

Depois daquele beijo.

Do G1: Meninas se beijam em bloco no Rio e acabam na delegacia.

Engraçado notar como atitudes de um Sr. como este (de 50 anos, moralista padrão, que fez a denuncia), tem sentido contrário ao que desejaria ele, ou seja, acontecimentos como esse, vão, cada vez mais afirmar o direito defendido pelos outros foliões. Porque certamente chegará o dia em que, o Sr. em questão um pouco mais velho, vai acudir a polícia com o mesmo propósito, e a polícia dará de ombros, oras, por pura insignificância.

Pior de tudo é a situação cômica em que se mete a polícia a troco de nada, várias guarnições para prender 2 meninas??? Um policial atropelado com pé quebrado por causa de um beijo??? Rio… Pra não chorar.

E veja a imfâmia da declaração do Sr. 50, “Ele disse que viu duas moças se beijando e pensou que uma era menor de idade. Ele achou que nesse caso seria errado uma menor de idade beijando outra maior de idade…”, quer dizer que esse Sr. passa os carnavais a procurar e a fazer cumprir a lei de corrupção de menores?! Se fosse um beijo entre outro cinquentão e uma garotinha ele também denunciaria, ou identificando-se com seu semelhante, seria complacente? Seria ele só mais uma pessoa com olhar eivado de teias de aranha de qualquer natureza (religiosa?)…

O delegado Gustavo Valentini, usou de seus tantos anos de estudo, na universidade e posteriormente pro concurso, para concluir: “verificou que não houve nenhuma corrupção de menores”.

De todas a melhor declaração, e amis sensata, é mesmo a da garota mais velha (18 anos,  a mais nova tinha 17): “O meu beijo não tinha nada de agressivo, é um beijo como qualquer outro beijo de carnaval, uma coisa que acontece. Não precisava ter causado a confusão que causou”.

Impressionante a polícia se meter num caso assim, e os policiais ainda recebem diploma de curso supeiror ao acabar o curso de formação… A julgar pela qualidade de nosso sistema educacional, não vou falar nada, ainda bem que estão começando a exigir diploma de nível superior nos concursos pra soldado, assim nossa super preparada polícia passará a ter dois diplomas. Como diz a música, “polícia para quem precisa de, polícia…”.

PS: Ainda bem que o delegado, justamente, liberou a turma do beijo, caso os tivesse detido, ainda teria pago mico, pois a artigo de corrupção de menores no Código Penal teve a idade alterada no ano passado,  foi de 18, para 14 anos.

Severiano Miranda.

Escadaria para o paraíso, de Eugenio Merino.

A escultura Escadaria para o paraíso, de Eugenio Merino, foi exposta na ARCO 2010, uma Feira de Arte Contemporânea em Madri. É óbvio que visa a provocar polêmica, colocando, um em cima do outro, religiosos islamita, católico e judeu.

Não me pareceu plasticamente bonita a escultura, mas a idéia é interessante. O escultor, candidamente, diz que visou a representar as religiões no seu desejo da subida ao divino. Explicação boba e dissimulada, a meu ver.

As reações têm sido muitíssimo evidentes. A embaixada de Israel reclamou, associações islâmicas e um e outro sacerdote católicos reclamaram. Era isso que Merino queria, está claro, reações evidentes contra algo que, no fundo, não constitui ofensa alguma. Afinal, esses senhores referem-se todos ao mesmo deus!

Países podem quebrar, mas sejamos otimistas!

Mapa do Otimismo

Mapa do Otimismo

No meio do ano passado, saiu uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup e pela Faculdade do Kansas (EUA), sobre os países mais otimistas do mundo. Bom, a meu ver não do mundo, mas foram incluídos na pesquisa 140 países e foram entrevistadas mais de 150.000 pessoas. A pesquisa envolveu telemarketing e visitas presenciais em países com acesso telefônico limitado. As pessoas responderam perguntas sobre acesso a condições básicas de sobrevivência, qualidade de vida, percepção sobre o governo e o que pensa sobre o futuro.

Muito bom, muito bem, eis que dentre estes, o Brasil está em segundo lugar como país mais otimista do mundo! Em primeiro está a Irlanda, e após o Brasil vem a Dinamarca e a Nova Zelândia. Veja pelo mapa que o mar na África definitivamente não está pra peixe… Imagina-se porque…

Segundo a pesquisa, pelo menos 90% das pessoas ao redor do globo disseram que nos próximos cinco anos a qualidade de vida estaria melhor do que está hoje! O estudo, foi apresentado durante a reunião anual da Associação de Ciências Psicológicas dos Estados Unidos, realizada em São Francisco, mostra que o otimismo é universal e sem fronteiras, e tende a crescer com a idade.

Veja só, que, com a nova notícia de insolvência, estão fora do páreo Irlanda e Espanha (que não está entre os primeiros, mas está bem na pesquisa), logo o Brasil figurará em primeirissímo lugar no ranking de otimismo, o problema nisso, é que quando começa a cair muita gente, corremos risco de cair junto né.

Fora isso há alguns fatores interessantes no mapa, Portugal por exemplo, é pessimista por natureza, e o Brasil ein, o que não faz propaganda política, deve ser por isso que se gasta cada vez mais em propaganda, o Brasil ta na frente da Dinamarca (eu tenho curiosidade de saber em que o dinamarqueses querem melhorar)!

PS1: A legenda está um tanto quanto fora de foco, mais escuro são menos otimistas, mais claros, mais otimistas. A título de curiosidade, os mais pessimistas são: Zimbábue, Egito, Haiti e Bulgária. Apesar de ficar tentado, não vou dizer que acho que o Brasil se encaixa melhor nessa lista.

PS2: Sobre Portugal ser pessimista, (até mais que o Marrocos), deve ser por causa do Fado, é muito triste o Fado (mas paro por aqui, porque mais triste ainda é o Fado Tropical… )

Nós, quem, cára-pálida?

O Zorro era um fidalgote meio castelhano da Baixa Califórnia. Estudara na Europa e voltara com frêmitos de defender os oprimidos dos opressores, ou seja, dele próprio e de sua classe. Mas, essas questões de coerência política das personagens e tolice. De certa forma, o Zorro é um transplante da figura de garbo e virilidade da cultura ibérica, ou seja, do toureiro. Basta imaginar aqueles seus trajos pretos agora coloridos em vermelhos e amarelos para vê-lo como um toureiro.

Houve, contudo, uma falsificação: o Zorro norte-americano, um cowboy como tantos outros, de chapéu branco. Essa figura era o Lone Ranger, o Cavaleiro Solitário, que, não sei porquê, ficou conhecido também como Zorro. Esse Zorro branco – vou chama-lo assim e evitar a distinção verdadeiro e falso – acompanhava-se de um índio, chamado Tonto.

Tonto era a figura aparentemente anacrônica do escudeiro subserviente, devoto ao patrão por opção lúcida e livre de quem vê no outro a superioridade caucasiana do colonizador. Advirto que a culpa de ser possível essa análise não é minha, mas da própria fábula e das disciplinas de história e de sociologia. A provar essa condição do índio Tonto, veja-se que o Zorro branco era o Cavaleiro Solitário não obstante andasse acompanhado! É preciso muito desprezo para lançar-se a uma tal contradição.

Mas, vamos para a anedota, que é a que se refere o título. Um certo dia, deslocavam-se o Cavaleiro Solitário e o índio Tonto por paragens que podiam ser da Califórnia, de Nevada ou do Novo México ou qualquer uma. E viram-se cercados de uma tribo hostil de índios, os selvagens inimigos com quem o Zorro branco batia-se de tempos em tempos. A despeito da fartura de munição e da grande competência com as armas, o Zorro branco percebe que não há escapatória e que seriam capturados ou eliminados pelos peles-vermelhas.

Então, o Cavaleiro Solitário diz para o índio Tonto: Estamos perdidos, Tonto! E o índio replica: Nós, quem, cára-pálida?

Que sirva a piada para fazer pensar os que desacreditam das identificações, nas horas limites.

Das drogas e das praças…

Encontraram maconha na praça do Município de Cruzeta – RN, e também na casa de alguns cruzetenses que usavam a planta com fins medicinais. Uma notícia, no mínimo, inusitada. Pessoalmente acredito que não seja o fim do mundo na cidade de Cruzeta, droga maior é a falta de educação e ninguem está minimamente preocupado em resolver o problema… Então deixa o cidadão tomar mais 3 chazinhos pra renová, e o delegado pode continuar a ficar sentado no banco da praça, nas suas tardes de sol, sem nada fazer, além de admirar as plantinhas ao vento…

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Acabaram-se as livrarias. Espero que se não acabem os livros.

A queima de livros de autores judeus, na Alemanha então sob o nazismo.

Já me resignei ao fim das livrarias nessa cidade de 400 mil habitantes. Busco livros na internet, nas livrarias virtuais. Todavia, essas também deixaram de ser livrarias e tornaram-se lojas de computadores, de impressoras, de jogos, de petrechos eletrônicos variados, de filmes, de discos, de brinquedos, que eventualmente vendem também livros. Assim seja, que as lojas vendem o que os clientes querem comprar.

Interessante é que nessas lojas torna-se mais difícil encontrar alguns títulos, como acabo de constatar. Não estava à procura do Quixote de Avellaneda ou da Revelação de Hermes Trimegisto, de Festugière. Tratava-se de um simples Zorba, de Nikos Kazantzakis! Mais um episódio da minha atual vontade de releituras.

Fui ao site da Livraria Cultura – que é bem razoável – e lá estava Zorba, sempre em edições francesas, alemães, castelhanas ou inglesas. Em português, nada. Fui ao da Livraria Saraiva e lá não estava o Grego, em qualquer língua. Fui à Estante Virtual – um site que congrega vários alfarrabistas brasileiros – e Zorba estava lá, tanto em português, como em francês, fartamente.

Como já disse ao estimado Pedro, não tenho problemas com livros usados. Mas tenho receios com os indícios de que eles, os livros, só se podendo encontrar usados, estejam enfim a tornar-se passado. Os manuais de encontro da paz interior, de conquista da riqueza, de sucesso profissional, de como mandar nos outros e tolices desse tipo, encontram-se sempre, que isso é presente constante.

Negrito, itálico e sublinhado. Para quê tanta ênfase?

Meu trabalho obriga-me a ler muitas coisas do gênero jurídico. São requerimentos, sentenças, recursos e outros mais textos técnicos. É penoso, evidentemente. E algumas manias mais recentes têm tornado essa atividade  ainda mais cansativa do que costumava ser. Devo esclarecer que tal percepção não decorre de algum excesso de expectativa minha, que nunca supus o âmbito técnico jurídico como propício para o belo ou para as artes.

O problema é que a marcha para a obscuridade não se detém. O tempo vai sedimentando camadas de indulgência e faz-nos tolerar pecadilhos habituais. Toda uma coleção de adjetivos antepostos aos substantivos – que o jurista médio reputa um recurso estilístico – as expressões em latim, um pedantismo de escrever em língua desconhecida, que é hábito consolidado. Com isso, convive-se.

Mas a inovação impõe-se, ajudada pela inovação nos meios que são os editores de textos para computadores. O jurista dispõe da maravilha do negrito, do itálico, e do sublinhado e não perde a ocasião de utilizá-la fartamente, assim como a mulher sem noções de estética e proporção não perde a ocasião de usar a maquilhagem até fazer uma máscara.

A ênfase pressupõe que dentro de um texto há partes mais importantes que outras. Ora, se tudo são ênfases, nada é importante! Se o ouro fosse abundante como a areia, não teria valor algum. Então, ao enfatizar vastas porções do texto, o jurista está a evidenciar que, ou não acredita minimamente no que diz, ou não julga adequadamente o que é mais ou menos importante.

Além desse problema de fundo, também surge o da confusão visual. O leitor de uma peça dessas depara-se com uma folha branca de papel em que os destaques gráficos compõem um quadro não convidativo à observação. Alguns trechos apresentarão quatro formas de destaque simultâneas, como se fosse um imenso grito. Ora, o grito por escrito sacrifica a legibilidade do texto. Letras grafadas em maiúsculas, em negrito, em itálico e sublinhadas são um excesso altamente contrastante, tanto com a brancura do fundo, quanto com o restante do texto.

O jurista devia pensar que a confusão visual e a feiúra por excesso de contraste afastam a atenção do leitor, porque dificultam a observação. Mas, talvez, esteja aí a chave para o problema e o indício de algo terrível. Ou seja, de que, no fundo, não escreve para ser lido.

O trânsito é um laboratório de psicologia e de antropologia social.

Nós somos intimamente descrentes da serventia das normas, profundamente mal educados e demasiado individualistas, embora hipocritamente proclamemos o coletivo e o estado de direito. Não hesitamos em julgar, a cada oportunidade, se uma regra deve, ou não, ser cumprida. Legislamos e aplicamos normas próprias a cada instante, consoante o imediato e mais mesquinho interesse.

O trânsito de automóveis nas cidades é o palco onde essas inclinações bárbaras representam sua comédia. Comédia, sim, pois tragédia seria apenas se não pudesse ser de outra forma. No comportamento habitual dos automobilistas estão concentrados os pecadilhos que se praticam dispersamente em todas as esferas. Ele é uma síntese.

Aqui, as pessoas são sem fantasias o poço de mesquinhez e desprezo por regras que se esforçam por disfarçar em outras ocasiões. O automobilista médio é capaz de uma série enorme de infrações para atingir o sucesso mais ínfimo e desprezível possível. É plenamente capaz de por vidas em risco para estar cinco ou dez metros na frente dos outros. É capaz de fazer esperar todo um grupo de pessoas a bem de seu próprio, imediato e insignificante interesse.

É capaz de dificultar as coisas para os pedestres – em um dia de chuvas, por exemplo – em troca de vantagem nenhuma para si que, ademais, está abrigado dentro do seu carro.  A figura do automobilista médio, enfim, retrata melhor que outra qualquer o individualismo em forma quase pura, desprovido dos pudores e explicações de uma conversa, por exemplo. Aqui, a prática não está divorciada do discurso, pois ela é prática sem discurso.

O homem médio real, incapaz de frear-se e ávido pelo gozo de julgar-se sem freios externos também, mostra-se em toda dimensão atrás do volante de um automóvel. Sacrifica pela sua ânsia de importância tudo o mais que sejam interesses dos outros. Mas, os outros, ora os outros…

O pequeno Floriano.

Este é Floriano, o gato que Andrei encontrou em péssimo estado em um bar aqui de Campina Grande. Ele escreveu uma postagem a propósito dos maus tratos com os animais.

Pois bem, ele agora tem casa, tem nome e tem o tratamento que todo animal deveria ter. Já quase não manca mais da perna, que estava bastante dolorida e que, segundo o veterinário, provavelmente teve por causa um chute ou algo assim.

Enfim, este é o desfecho da estória cujo início foi contado por Andrei.

Floriano, que é o 4º gato da casa, é lindo e bastante simpático.

A vida imita a arte.

Hoje vi uma reportagem no Jornal da Paraíba que me chamou a atenção pelo que tinha de cômico. Ocorre que num povoado em Esperança, aqui na Paraíba, chamado “Massabiele”, com aproximadamente 800 habitantes, construíram, há muitos anos, um cemitério que acabou virando um roçado.

É que, assim como na fictícia cidade de Sucupira, da novela O Bem Amado e do famoso prefeito Odorico Paraguaçu, ninguém morreu no povoado para que o cemitério fosse inaugurado.

Achei cômico e não consegui deixar de me lembrar da estória folhetinesca da novela em que o prefeito que mandou construir o cemitério e que anseou bastante pela sua inauguração findou por inaugurá-lo.

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