Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Capitalismo das cavernas (Page 6 of 6)

Exclusão é método que gera reação em cadeia. São Paulo é uma inviabilidade coletiva.

Exclusão, aqui, está em sentido mais amplo que o meramente econônimo. Quer dizer um modelo que, tão entranhado, vive-se como se nada mais houvesse alternativamente. E conduz ao suicídio coletivo, antecedido por níveis de desagregação social crescentes.

O fulano médio que se encontre em um engarrafamento de 150 Km, em São Paulo, por exemplo, sonha com um helicóptero. Inserido em um mar de absurdidade, de tempo perdido, de energia despendida, de potência que não se realiza, de destruição da paciência, de destruição da saúde mental e física, sonha com um helicóptero.

Sonha e não no terá, nunca. O fulano é incapaz de sair de quanto a propaganda inseriu-lhe na mente, de perceber que as maravilhas da mobilidade social são menos reais do que lhe fazem crer. Eventualmente, lembrará que a frota de helicópteros de São Paulo cresceu vertiginosamente. Não lembrará, é certo, que o crescimento foi vertiginoso, mas muito menos que o das pessoas e dos carros.

Não lembrará que a maravilhosa São Paulo, autoproclamada cosmopolita e oferecedora dos melhores serviços, dispõe de uma rede de metro cuja extensão é de um terço da que tem a cidade do México, outro bom paradigma de caos urbano. Não lembrará que a verdadeira riqueza é locomover-se de carro se isso for um desejo. Ou seja, riqueza é poder ir caminhando, se assim o quiser o fulano, ou de bicicleta, ou de metro, ou de ônibus, ou ficar em casa!

Não lembrará que os habitantes dos bairros pobres e das favelas – talvez o fulano médio nem se lembre que isso existe – estão insatisfeitos com suas vidas. E que, deseducados há gerações, reagirão como sabem, ou seja, selvaticamente. E essa reação pasmará o fulano, que acreditava na passividade daquela gente sem nome, que é pobre e desassistida porque quer, enfim. O fulano acredita nisso, sinceramente. Por isso mesmo, coerente consigo próprio, acredita que pode ter o helicóptero.

Entrou tão fundo na sua alma a propaganda de que ele pode ser o que quiser, desde que siga os manuais de prosperidade, que ele destroi-se em culpa. E, bem instalado na lógica da exclusão hierarquizada, quer a destruição de quem está abaixo dele e ousa reclamar, quando o certo era ler o manual e resignar-se.

Forte na sua colecção de idéias feitas, o fulano rejeitará qualquer coisa que vise a melhorar a vida em comum. Como um viciado, busca a solução em mais veneno e quer que todos tomem os mesmos venenos. O fulano não perceberá que menos exclusão, que a real prestação de educação pública, que a real prestação de assistência médica gratuita, que a real prestação de serviços de transportes públicos não são, aqui, uma questão de partido político ou coloração ideológica. São uma questão de inteligência ou burrice.

A segunda queda da Poção. O que são serviços como os do UOLHost.

O blogue foi retirado do ar pelo hospedeiro e perdeu-se todo o conteúdo, novamente. O terceiro início já é uma tarefa quixotesca que empreendo. Tive, ontem, muita raiva e as consequências habituais disso: insônia e dor de cabeça. Claro que aconteceram equívocos informáticos. Mas, principalmente, aconteceu uma enorme ineficiência e mesmo uma patifaria do mantenedor do domínio, o UOLHost.

Vou explicar o mais brevemente possível. Precisamente em 11/08/2009 pedi o registro, no tal UOLHost, de dois domínios: apocaodepanoramix.com e apocaodepanoramix.com.br. Ambos os pedidos foram feitos a partir dos mesmos dados cadastrais meus, obviamente. Os dois domínios estavam disponíveis e, portanto, bastava que se fizessem os pagamentos. Eles foram realizados, por meio de cartão de crédito.

Acontece que o UOLHost registrou o domínio .com e não registrou o .com.br. Isso, muito embora tenham sido pagos os dois. Trata-se de erro, de ineficiência, enfim. Posteriormente, à vista do hospedeiro ter os dois domínios, tentei novamente o registro do domínio .com.br. Como o sistema do UOLHost é feito para não funcionar corretamente, fiz novo pedido de registro e paguei novamente.

Todavia, permaneceram no erro e não fizeram o registro do domínio. Inclusive, a página de controle do UOLHost aponta que sou credor de R$ 30,00, ou seja, de dois pagamentos de R$ 15,00, relativos às duas tentativas. Quer dizer, não há dúvidas de que paguei pelos serviço, que não foram prestados.

Entrei em contato com o UOLHost, por meio do chat deles, tentando manter o máximo de paciência. Ninguém ignora o teste de civilidade que são esses contatos com atendimentos aos clientes. O que esperava aconteceu. Mantive uma conversa quase surreal com o atendente. Disse-me o funcionário do UOLHost que o problema era o CEP (código postal) que estava errado!

Ora, o CEP (código postal) informado foi o mesmo para o pedido que deu certo e para o que deu errado! Estava claro que se tratava apenas de uma desculpa sem qualquer fundamento. Corroborando isso, mais adiante na conversa, o atendente disse-me que o problema tinha sido meu CPF (número de contribuinte), que estava errado. Até as nuvens do céu sabem que esses sistemas não aceitam CPFs errados. E, os dados cadastrais são únicos, ou seja, informa-se o CPF uma só vez e ele estava certo para o registro que foi realizado!

Enfim, atendimentos desse tipo preferem tentar enganar o cliente e leva-lo por uma trajetória kafquiana a reconhecer o erro e resolver o problema. Essa é sua estratégia de atuação e o consumidor que se entenda com a sensação de absurdidade e de estar sendo evidentemente lesado e obrigado a escutar desculpas pueris. São maravilhas do capitalismo de serviços sem regras, selvático.

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