Leio a notícia de que uma estudante de Guiné Bissau é agredida dentro da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, em João Pessoa, por um indivíduo vendedor de cartões de crédito.
Kadija Tu é guineense e estuda Letras na UFPB. Foi abordada pelo agressor nos corredores do Centro de Educação. Ao assédio sexual e aos gestos obscenos sucederam-se agressões verbais racistas e físicas. A estudante foi levada a um hospital.
O Brasil, essa confusão de pobreza e falta de civilização, gosta de acreditar-se uma democracia racial, que não é. Quem quiser, entregue-se ao trabalho de verificar as estatísticas de vítimas de agressões e de homicídios. A enorme maioria dos agredidos são pretos.
Esta sociedade divide-se, basicamente, entre quem pode e quem não pode descumprir as leis. A raiz da divisão é de caráter racial e social. É assim, quer se queira, quer não se queira. E a pior forma de superar isso é negando a realidade.
A idéia de divisão é tão forte que permeia todas as classes sociais e as pessoas têm incutida nas suas cabeças, desde sempre, a noção de que poder infringir regras é sinal de pertencimento ao estrato superior. O infrator pretende-se em situação superior exatamente porque emula a atuação do senhor de séculos atrás. O senhor que não infringia leis porque elas eram o que ele achava que eram, porque ele as fazia, a cada momento.
O signo do Brasil, a sua marca distintiva, é o divórcio entre o que está escrito e o que acontece diariamente. As normas nada têm a ver com a realidade e assim é porque se quer que seja. No fundo, temos normas para dizermos que as temos, e só. Isso que aconteceu não merecerá grande reprovação social, embora seja crime, pura e simplesmente.
Vai triunfar a patifaria segundo a qual tratava-se de uma pretinha que vinha oferecendo-se e que, por capricho, respondeu inadequadamente ao indivíduo que lhe assediou. Ora, se é assim, por que não eliminamos toda a mentira que torna essas coisas crimes? É melhor rompermos com as aparências e sermos integralmente a selva.
Andrei, eu não assisto televisão nem leio os jornais, tu poderias fazer o favor de dizer em quantos meios de comunicação essa notícia foi veiculada com a atenção que merece?
João Ezaquiel,
Televisão, também deixei ver, como tu fizeste. Jornais ainda leio, por hábito.
Essa notícia saiu no Jornal da Paraíba e a li no portal deles na internet.
É, ver televisão parece cada vez mais uma perda de tempo. E quando é o momento da “informação” ela aliena mais que qualquer outro meio.
Viva a internet (com ressalvas).
esperar o quê de brasileiro??? são mal educados. porcos. ignorantes. atrasados mentalmente. querem colocar a carroça na frente dos bois.