Já é tempo do Brasil pensar no custo do faz-de-contas e se convém mantê-lo.
O faz-de-contas serve bem a interesses de um certo modelo político, à justificação de uma burocracia estatal que se julga o centro do mundo e a meia dúzia de advogados.
Por exemplo, a quais interesses serve a litigiosidade previdenciária que existe no Brasil? A vários, excepto àqueles dos beneficiários. Serve para justificar o aumento da burocracia judiciária, para justificar o aumento da advocacia pública, para justificar pedidos de aumentos de salários.
Serve para custear desnecessariamente escritórios de advocacia, com dinheiro público de uma sucumbência certa.
Ora, se em um certo tipo de causa judiciária, uma das partes perde 80% das ações e essa parte é o Estado, é muito mais barato reconhecer esse direito que fingir um litígio!
O sistema das transferências de recursos para municípios, nomeadamente nas áreas de saúde e educação, é outra farsa, outro faz-de-contas. Aqui, justificam-se as estruturas de fiscalização.
Realmente, estruturas burocráticas precisam de problemas que as justifiquem, a posteriori. Depois a da merda feita, ou seja, depois do desvio dos recursos, entra em cena o faz-de-contas das tomadas de contas e ações judiciais.
Pouquíssima coisa recupera-se. Na verdade, o sistema não funciona para que haja boas prestações de serviços de saúde e educação públicas. Ele funciona para irrigar um modelo político baseado na fidelidade dos prefeitos municipais.
E para justificar sucessivas camadas burocráticas de fiscalização. Fiscalização que chega depois do problema ocorrido, claro.
É óbvio que sairia muito mais barato, que seriam melhor prestados e que haveria mais transparência, se a União Federal prestasse diretamente aquilo que ela paga aos municípios para não fazerem.
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