Há muitas formas de dividir o mundo segundo gostos e preferências, todas elas igualmente tolas. Eu divido o mundo entre quem prefere salsa e coentro; nunca encontrei critério melhor.
Eis que resolvo fazer um bacalhau à Brás, ou quase isso. É um prato simples, do ponto de vista de quem lê receita e come o acepipe, a olhar, inevitavelmente, para a mistura que é. De fato, é simples, mas requer cuidados com tempos de cocção.
Comummente, faz-se um refogado de cebolas cortadas às meias-luas e alhos picados, para depois deitar o bacalhau em lascas. Decidi mudar um bocadinho. Pus o bacalhau demolhado para cozer em água quente, mas não fervente. Trata-se de encher uma panela grande de água, com um pouco de sal, pimenta moída e uma folha de louro e aquecer até perto da fervura.
Perto de ferver, desliga-se o fogo e põe-se o bacalhau para cozer na água quente por alguns minutos. Cinco bastam e deixa-se lá até a água esfriar.
Entretanto, cortei duas cebolas pequenas em meias-luas bem fininhas, cinco dentes de alho piquei, um molho pequenino de cebolinhas fatiei e um pedacinho de cenoura ralei. A cenoura não é parte do que me habituei a comer em Portugal, mas achei que saberia bem.
O bacalhau deve ser retirado da água e partido em lascas ou mesmo desfiado e reservado. Nesta altura, batem-se com um garfo três ovos e um pouquinho de leite. Um pouquinho, para preciosistas, deve ser à volta de 100 ml.
Tudo pronto, vai-se ao refogado. Pouco azeite e cebolas, alhos, cebolinhas e cenoura ralada na caçarola grande e tapada. Espera-se dourar um pouco e mete-se o bacalhau, mexendo sempre e sempre. Passados um ou dois minutos, despeja-se um bocado de batatas palha, dessas que só se conseguem em supermercados, industrializadas.
Um minuto ou menos e põem-se os ovos e leite batidos e mexe-se sem parar. A hora de parar é antes de cozerem os ovos, ou seja, na hora em que o bacalhau está ligado e húmido.
Esta iguaria foi acompanhada de um rosé muito fresco e o resultado foi esplêndido.
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