Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Autor: Severiano Miranda (Page 2 of 8)

A revolução da construção, a autopista e quando o baixo não é mais a base de uma música.

Um texto de Alcides Moreira da Gama.

Existe algo de fascinante nas músicas, mesmo naquelas que pessoalmente não apreciamos, porque, sem explicação, ela consegue mexer conosco. Mais fascinante ainda são as pessoas cujos dons musicais comovem. Não tenho dúvida de que já nasceram com esses dons.

Um instrumento musical que consegue me impressionar é o baixo. Normalmente ele é utilizado para dar base às músicas. É como um alicerce cujas paredes e teto são construídos sobre ele. Previsivelmente, é isso que se espera de um baixo: a música é montada tendo-o como base. Quando são medianamente tocados, suas notas são previsíveis. Supõe-se que, quando é tocado sem muita expressividade, ao ouvirmos uma música qualquer, já deduzimos em qual tempo e tom a nota será emitida. Mentalmente e quase inconscientemente já antevemos e aguarmos aquela nota que será tocada, até que ela é emitida, confirmando o que já era esperado.

Mas há casos que extrapolam a normalidade, e a surpresa de cada nota milimetricamente tocada no devido tempo musical é um espetáculo à parte. O que era uma previsibilidade quase monótona – o que se espera de um baixo tocado sem muita expressão – é um espanto e sobressalto a cada nota musical lançada. O ouvinte fica pasmado, quase congelado. A imprevisibilidade e eloquência das notas do baixo assim tocado tomam conta de todo o enredo musical. É um prazer inesperado para o ouvinte, que tem a sensação de que, embora cada nota seja temporalmente calculada, a imprevisibilidade impera.

É o que se pode dizer de revolução na construção: é quando o alicerce deixa de ser alicerce, e as paredes e teto passam a ser a base; é quando o baixo deixa de ser a base da música, e a música se torna a base para o baixo; é quando a música serve de autopista para o baixo desfilar sobre ela. Aí está a demonstração:

As redes sociais e os comportamentos nem tanto assim.

Um grande fenômeno de nossos tempos são as denominadas redes sociais. No Brasil, começou com Orkut e tempos depois chegamos ao Facebook, Twitter, WhatsApp, pra citar algumas das mais conhecidas… Caso é que serviam, a principio, para reencontrar amigos e ver como estão, coisa que antes se fazia com um reencontro de “X anos” de colégio, faculdade, ou o que seja. Logo se tornou local de discussão, quando se descobria que aquele seu amigão de outrora pensava completamente diferente de você, e logo também se tornou algo mais elaborado, a partir do episódio da “primavera árabe“, algo como uma “ágora” do século 21.

Com a evolução, também começaram a haver distinções entre tais redes, em algumas você é meio que obrigado a convivência com os pares a partir do momento que os aceita (como o Facebook), em outras você escolhe as pessoas de sua convivência (como o Twitter), e em outras ainda, você é obrigado a conviver, sem escolhas (como o WhatsApp). Bom, digo isso porque no WhatsApp uma pessoa qualquer pode te jogar dentro de um grupo, e você fica ali, talvez pensando, sair é um bocado deselegante, então tá, deixa ai.

Pessoalmente eu gosto de todas, e acho todas legais, não somente essas três, mas todas as outras que vocês puderem imaginar, inclusive a melhor que é a LastFM, que contabiliza as músicas que você escuta, mas isso é outra história…

Caso é que com a disseminação do WhatsApp no Brasil, pipocaram grupos de discussão de todas as amizades que eu angariei ao longo da vida, inclusive formaram-se algumas nos próprios “grupos”. E no Brasil aconteceu um fenômeno político interessante de “bipartidismo” em âmbito federal, e isso gerou discussões acaloradas, que se intensificaram a priori por dois motivos: o primeiro, parte da imprensa que claramente é reacionária; e o segundo, as eleições.

Mesmo estando fora do país, pela experiência em tais grupos, dava pra perceber que não era uma boa hora para estar lá. Não pelas discussões em si, mais porque boa parte delas se baseia nas mesmas manchetes da imprensa, e acaba tornando-se enfadonho rebater sempre os mesmos argumentos, e ser invariavelmente taxado de seguir algum dos partidos, por qualquer motivo.

Pois bem, acontece que nas discussões, como eu estou um pouco mais distante do país no momento, procurava sempre ter um pouco de leveza e paciência, que não era notável nos interlocutores, fossem quem fossem… Fato claramente gerado pelo clima de animosidade que tocava a todos que estavam no olho do furacão.

Mas, o mais interessante aconteceu com um argumento “tu quoque” usado mais de uma vez, contra o que quer que fosse que eu defendesse, justamente por estar longe: “-Você não está aqui no país, portanto, não deveria opinar sobre o que não conhece!”; “-Você está longe, por isso defende isso!”; “-Sua realidade é outra!”. Todos enfim dizem basicamente o mesmo, que não estar presente invalida toda minha linha argumentativa. Ora, há argumentos tu quoque elaborados, que podem mesmo chegar a confundir. Esse eu classificaria no máximo, como infantil. E se o argumento era esse, ato continuo, eu deixava de discutir e/ou argumentar qualquer coisa que fosse com a pessoa que o proferiu, porque afinal.. Não valia a pena.

Porém as eleições acabaram, e com elas, eu esperava que acabassem as animosidades, coisa que de fato aconteceu na grande maioria dos grupos, e quando, aqui e acolá, aparece alguma, basta não falar e deixar morrer… Mas um caso interessante aconteceu ontem, eu já não comento sobre política em nenhum grupo, há não ser uma piada ou outra que ache engraçada, porque notei que mesmo sem eleições, o clima continua tenso.

Mas, em um de meus grupos, começaram a falar mal do Brasil, que brasileiro era mal educado, enfim, uma série de preconceitos, baseados ou não em fatos, onde todos tinham um objetivo comum, denegrir o país, ou a imagem do país, claro, isentando-se individualmente ao mesmo tempo, de forma que comentários como “Brasileiro não paga metrô (ou ônibus) no exterior, isso é uma vergonha, má educação” acompanhado de “Eu sempre paguei” eram um lugar comum, cito esse, porque foi a minha gota d’água… Mas estavam todos a exprimir-se sobre tudo, desde “jeitinho brasileiro” à “malandragem”.

Como eu estou fora já há algum tempo, e sei que aqui os comportamentos são iguais ou muitas vezes piores, passei a antagonizar algumas das assertivas… Sobre educação, pode-se perguntar a um Holandês sobre a educação dos ingleses, que vão a Holanda destroçar o país, por causa de algumas leis demasiado “permissivas” na opinião dos primeiros… Sobre andar sem pagar, pode-se perguntar a qualquer italiano o significado da expressão “Fare il portoghese“, que vai ai por entrar sem pagar, desde o metrô, até qualquer outro lugar onde você possa entrar sem pagar, mas que seja “obrigado” a pagar. Sobre a fama das brasileiras serem putas, é um problema e existe, mas não é especialmente nosso, veja-se as Russas por exemplo, ou faça-se uma busca rápida no google com os termos, “inglesas”, “festa”, “Ibiza”.

Em suma, todos os comportamentos descritos como sendo de “brasileiros” os há em todas as nacionalidades, claro, observamos os nossos problemas, por conhece-los mais de perto, e sempre nos incomodará mais, um brasileiro estúpido, que alguém de outra nacionalidade ainda que este seja um pouquinho mais estúpido que o brasileiro.

No entanto, o mais interessante veio a seguir, entre a discussão sobre viralatisse brasileira, e política ali nos entremeios, alguém perguntou o que eu fazia para manter-me. Oras, o que eu faço ou deixo de fazer absolutamente não influi na minha linha argumentativa, obviamente a pessoa buscava um argumento “tu quoque” para usá-lo contra mim mesmo, e isto estava implícito no discurso.

Ante a minha resposta jocosa, veio a insistência e era notável que a intenção era a mesma, do “você não está no país, não deveria falar”, só que nesse caso o caminho era mais ou menos “você tem bolsa do governo, por isso o defende”, ou “você não paga imposto, não devia falar de quem paga”, e por ai vai… O motivo da curiosidade era a ajuda a uma terceira pessoa, e/ou falar das dificuldades encontradas por gente que tentou sair do país, e encontrou demasiados obstáculos. O que claramente denotou-se falso a partir do uso da expressão “filhinho de papai”.

Agora, em nenhum momento eu disse o que fazia para me manter, porque nada do que eu faça para me manter invalida qualquer argumento meu, assim como estar fora do país tampouco invalida que eu fale algo sobre o país. E aqui chegamos ao ponto máximo do post, no grupo, eu não sou o único que mora fora do país, há outras pessoas que vivem (no plural) fora do país. No grupo, efetivamente há pessoas (no plural) que são mantidas pelos pais, seja por motivos quaisquer. Não obstante essas pessoas nunca tiveram argumentos rechaçados por viver fora, ou por qualquer outro motivo. Por uma causa muito simples, eles pensam igual ao restante.

Então a conclusão óbvia, mais uma vez, é que se você pensa igual, se é manada, se é massa, tudo bem, pode-se destilar o preconceito que for, o comportamento que for, ou a bobagem do momento, que você será bem aceito no grupo, o pensar diferente será rechaçado, ainda que com bons argumentos, por qualquer razão que se tenha em mente e esteja a mão, sempre que falte um argumento razoável para que continue ou se evolua em qualquer discussão.

Não é a toa que Rachel Sheherazade seja tão popular, mas ainda bem, que as coisas que ela diz só tenham o respaldo que têm no Estado onde ela nasceu, e aqui eu estou sendo tão preconceituoso ao falar mal do Estado, quanto todos foram ao falar mal do Brasil, mas essa não é a realidade da maioria do país, e aqui eu não divido o país em cores, ou partidos, ela não é maioria, ponto final.

Universidade de Letras…

Duas fotos tiradas na universidade de Letras de Salamanca enquanto eu esperava a chuva passar. Tudo bem, são fotos de telefone, e usei uns filtros um tanto quanto ruins, mas afinal o prédio da faculdade de Letras é muito bonito, ele se fotografa sozinho.

Chove chuva, chove sem parar... , , , , , , , ,

E só chove, chove...

Eventos de outono da Apple, OS X Mavericks, iWork, iLife, iPads, iPhones e adivinhações.

Esse texto poderia começar dizendo: A Apple acabou… Seria uma injustiça, porque de fato, a empresa não acabou, e além de não ter acabado, é uma das empresas/marcas mais conhecidas no mundo atualmente, claro que tem um nicho específico, não é como a Coca-Cola que até os ratos conhecem.

Seria mais justo constatar a morte de Steve Jobs, e a falta que ele faz na empresa. Jobs não era um gênio da informática, estava muito mais pra gênio do marketing, tanto que o embrião do que hoje são os mega eventos de lançamentos da Apple, já aconteciam 30 anos atrás quando ele fazia o lançamento dos primeiros Macintoshs em salões com outros cinquenta candidatos a “computadores do futuro”.

Jobs tinha algum senso diferente das outras pessoas no que tange ao funcionamento das coisas, nunca inventou nada, já haviam computadores, quando ele lançou o Macintosh, já existiam telefones celulares quando ele lançou o iPhone, e já existiam tablets quando lançou o iPad. Noves fora, originalidade: ZERO.

E ai entra Jobs… Os executivos da BlackBerry, na época a empresa de telefones celulares “para executivos”, riram de Jobs quando souberam que ele testava um telefone celular com tela sensível ao toque. A Microsoft, já havia tentado anos antes do iPad, viabilizar um tablet comercial, sem sucesso. Esses entre outros exemplos ilustram que o negócio da Apple nunca foi inventar nada, antes sim, aprimorar o que já existia. Hoje, a grande maioria das pessoas usam telefones celulares com tela sensível ao toque, ou tablets, pra ficar nesses dois exemplos, graças a Steve Jobs.

Essa introdução era necessária ao texto, por um motivo simples, e mais simples impossível, posto que é ideia do próprio Jobs, a simplicidade, para o usuário final. Desenvolvendo a idéia: o usuário final é demente. Isso é fato. Então quanto mais fácil for de usar o novo aparelho, claro, melhor. E isso é obvio.

Chegamos então no “produto” Apple, e esse não é o telefone, não é o tablet, não é computador. Insisto, o produto vendido pela Apple é a experiência do usuário, e nesse sentido, eles vendem não só um sistema operacional, senão, que além deste, um sistema operacional móvel, entre outra gama de softwares que funcionam em ambos sistemas operacionais, e ainda assim, com a definição de sistema operacional, eu não definiria perfeitamente a tal “experiência de usuário”.

Sem embargo, esse é o produto Apple, a experiência de usuário, que claro, para quem nunca experimentou, não existe, e para quem sim, se a entende, acaba por se tornar uma facilidade. No último evento foram lançados novos modelos de aparelhos, já antigos, até para padrões da própria Apple. A grande novidade ficou por conta dos próprios aplicativos, e sistemas operacionais.

O OSX, um tipo de “windows” para usuários de Macintosh, foi lançado grátis. Além dele, o pacote office da Apple também ganhou nova versão grátis, diga-se de passagem, o pacote “Apple” office, para telefones móveis e para computadores.

Pra mim, esse foi o grande passo dessa bateria de lançamentos, a google já tem a sua suite office online há tempos, agora a Apple, lança, não só a gratuidade de seus sistemas operacionais, como também a de seu pacote office, e também do iLife que é mais um pacote de entretenimento, com edição de fotos, vídeos e música. E essa notícia pra mim é importante porque não obstante os aparelhos sejam os mesmos com atualizações de processadores entre outros hardwares, a atualização dos softwares, e sua gratuidade, farão empresas que trabalham apenas com software, sim falo de Microsoft e adobe por exemplo, decidirem novos rumos para suas linhas de produtos e respectivos preços.

É a Apple, ainda que não inovando, ou melhor dizendo, não aprimorando nenhum produto já existente no mercado, pressionando em outras frentes, e fazendo novamente o mar se mover na direção que eles querem de novo? São boas novas pra quem pensava que a empresa acabava em Jobs, esperemos pra ver agora, que novidades haverão no próximo ano, porque nem só de minha percepção torta vive a empresa, há o “hype“, que Jobs fazia tão bem…

Cuando el fútbol se convirtió en el reflejo de la realidad económica.

Se está acabando el partido, vamos tres a cero, nos ganan los brasileños.

En el salón de mi casa veo la indignación de mis compañeros ante la derrota anunciada. Ya no hay remedio: perdemos. Me cuentan cómo se ha desarrollado el juego, hablan de suerte y desgracia, al parecer, las “canarinhas están en una buena racha. Los escucho por educación, sin inmutarme porque el fútbol no me importa nada. Después de todas las críticas y juramentos de mis compatriotas, enrabietados con la victoria del gran gigante del Sur, pronuncio la frase que da título a este texto:

“Cuando el fútbol se convirtió en el reflejo de la realidad económica”.

—¡No digas eso! —me imploran— pero ya es tarde, mi sentencia cae sobre el murmullo de una sala de estar que ya no quiere ser.

Poco después hago otro comentario mucho más desafortunado:

“Mañana empiezo los trámites para solicitar un pasaporte azul”.

Mis amigos me miran con una mezcla de euforia y decepción.

No me he unido al enemigo, hace tiempo que formo parte de otro equipo,

de otro esquema sociocultural, de otra orilla, que no es la misma que me vio nacer un día.

Yo ya soy del Sur, extranjera, adoptada, inmigrante retornada.

Hace más de un año que volví a España y, desde entonces, el desarraigo

de una “desubicación” exacerbada recorre mi sangre y aviva mis ganas de huir

a cualquier otra parte, lejos de aquí y dentro o cerca de las fronteras del verde Brasil.

Nos ganan, sí, pero no ahora, hace ya tiempo que perdemos todos los enfrentamientos con patrias americanas por goleada. Perdimos hoy, pero también ayer y tal vez mañana.

El deporte, que antes nos beneficiaba, llenando de medallas y gritos de triunfo

un país minado por las deudas, los impagos y los desahucios,

ahora nos expone ante nuestras carencias y temores.

Hoy nos acusa de una mala gestión en el campo de cualquier juego,

mientras Bárcenas se muere de miedo frente a un extraño compañero de celda y

el ciudadano de a pie revienta de rabia frente a sus iguales en el viciado ambiente de todos nuestros bares.

Nos vamos a pique en todas las riberas, el barco no se hunde: se entierra.

No nos ahogamos: nos sepultan.

No nos marchamos: nos expulsan.

No nos morimos: nos marchitan.

El fracaso no lo creemos: no los inculcan.

Um texto de M. E. M. C.

Café… Colombiano, italiano, brasileiro… Ou com Poesia…

Outro dia, aconteceu uma dessas situações inusitadas, dessas que a oportunidade de estudar fora do próprio país proporcionam. Tenho como companheiros de classe, alguns colombianos, um italiano, e outros tantos brasileiros. O caso, é que em um desses intervalos entre classes, quando acontecem as conversas mais descontraídas, o brasileiro estava falando sobre um cappuccino, de marca Carrefour, fabricado na Alemanha, e disse que era bom. A despeito disso tenho que dizer, que por aqui, a “marca” Carrefour, é o que eles chamam de “marca branca”, ou seja, a marca do próprio super mercado, há de se dizer também, que existem bons produtos vendidos pelos mercados, produzidos por indústrias proprietárias de outras marcas comerciais, que fazem concorrência direta com seus rivais de “marca verdadeira”. Pois o brasileiro observou que dava atenção onde o produto era fabricado, porque apesar de ser de marca Carrefour, pode ser fabricado em algum dos diversos países da União Européia, e que essa atenção era justificada, pois via de regra, se decepcionava com produtos fabricados na Espanha.

Acontece que um brasileiro falar de café, que seja um cappuccino, junto a um colombiano, e um italiano, gerou um certo clima de disputa, afinal, de uma forma ou de outra, são países de tradição, seja no consumo, seja na produção. O brasileiro, disse também que havia tomado bons cafés na Itália, com o que, o italiano, já cheio de orgulho, disse que ali se tiravam os melhores cafés do mundo! Claro, feriu os brios do colombiano, que imediatamente em resposta, disse que na Colombia se produzia o melhor café! O brasileiro tentou jogar uns panos quentes, dizendo que no Brasil, também se produziam bons grãos, mas que seu consumo se dava mais em Portugal, por motivos óbvios. Mas o italiano não arrefeceu, e saiu com uma frase que acabou com a discussão, disse que lhe parecia muito adequado afirmar que os melhores grãos de café fossem produzidos na Colombia, mas que na hora de prepará-lo, quem o fazia melhor, eram afinal, os italianos. Menos mal que estávamos em clima de brincadeira, e não se iniciou um problema diplomático por qualidade de cafés.

E justo da Itália, apareceu uma idéia interessante, que é: deixar um café pago para uma pessoa que não pode pagá-lo, em cafeterías que aceitem esse tipo de “promoção” por assim chamar, seria um tipo de café solidário, baseado, claro, na confiança dos usuários na cafetería em questão. Em Salamanca, onde faço os meus estudos, uma cafetería começou tal promoção, que eu achei bastante interessante, portanto a passei ao Café e Poesia, um café de Campina Grande, que por algum tempo fechou as portas e agora reabre, no Museu Assis Chateaubriand, trazendo de volta uma agenda da qual a cidade ficou orfã pelo tempo em que permaneceu fechado, com saraus e exposições de arte, dentro do próprio ambiente do café.

A idéia foi repassada. Mas afinal, se encontra uma barreira, será que a clientela de um café desses moldes no Brasil, aceitaria a presença de uma pessoa que vai ali aproveitar a promoção do café solidário? Será que a clientela aceitaria ser o dínamo que impulsionaria a quebra do “status quo” social? Democratizando o consumo de um simples café, de um local que é público, e que para o público foi erguido??? E será que tal pessoa necessitada realmente se sentiria a vontade no ambiente? Talvez ainda existam diferenças sócio econômicas e culturais, que inviabilizem um projeto como esse no Brasil… Mas afinal que seja bem-vindo de volta o Café e Poesia, e caso alguém por lá resolva aparecer, que busquem sempre falar com o proprietário, garantia de uma boa conversa, e de um bom café.

E quando finalmente a Yoani Sánchez fala…

A blogueira cubana superstar do momento, Yoani Sánchez, está de visita ao Brasil. Depois de anos pedindo permissão para sair de seu país, Cuba, e outros tantos vivendo na Suiça e por ai vai. A blogueira é polêmica por criticar as consequências atuais do que aconteceu em  Sierra Maestra há tempos atrás, mexendo assim com os brios de uma esquerda latino americana que não deixou, não deixa, e creio, nunca deixará de idolatrar os mesmos feitos.

Pois desde de que conseguiu a tal permissão de viagem, e desembarcou no Brasil, vinha enfrentando protestos onde quer que chegasse. Recife, Salvador, Feira de Santana, enfim… Por outro lado, li algumas contra-manifestações falando que no Brasil as pessoas mantivessem blogs anti-governo sem maiores problemas, assim como em qualquer lugar do mundo.

Pois pra não entrar nos feitos de Sierra Maestra, e nem da Yoani por enquanto, vou falar um pouco do prato principal, mas que ninguém se dá conta, os blogs. Não, não tem nada demais em ter o seu blog, e fazer dele o que quiser, como bem diz Andrei, usando de respeito e bom português, mas, o blog tem uma coisa pela qual os jornais não primam. E disso, quem pode falar é um blogueiro, que eu não sou, aprendi com o Cris Dias, esse sim, blogueiro. O que o blog tem que os jornais não primam, e por vezes tampouco têm, é credibilidade, assim simples e ponto final.

Porque só o blogueiro pra saber disso? Porque vive de seu blog. Jornalista não é blogueiro, blogueiro não é jornalista, são coisas diferentes, muito embora possam coincidir. Os blogs têm que primar pela credibilidade porque possuem audiência frágil, se eu que te leio, descubro que tu elogiou uma marca, porque foste pago, e não me disseste, deixo de ler o que tu escreves. Assim de fácil. Então qualquer blogueiro sabe que se começa a enganar seus leitores com frequência, os perderá, e por conseguinte, seus patrocínios.

Então, voltando pra Yoani… Ela chega no Brasil, enfrenta protestos, e todo mundo acha bonitinho ela calada, sorrindo, ou dizendo que as manifestações contra ela são um exemplo da democracia que não existe em Cuba. Ok… Mas nada dela falar…

Só ai ela resolve abrir a boca… E as primeiras palavras dela?

“A blogueira cubana Yoani Sánchez, em visita ao Congresso Nacional no início da tarde desta quarta-feira,  fez um apelo ao senador Aécio Neves: pediu que ele monitore a situação da restrição da liberdade em Cuba permanentemente. “

“Yoani Sánchez cobra posição “enérgica” do Brasil em relação a Cuba.”

Mas peraí cara-pálida, tu vais ao congresso nacional fazer palanque pra oposição, beleza… Que cada um joga com as cartas que tem… Agora tu saiu do teu blog, que é de conhecimento do reino mineral que se financia pela CIA (como diria Mino Carta), e quer ditar a política do meu país, sobre o teu? Além da ingerência aqui no meu quintal, tu ainda queres que, nossa presidente (ou o futuro presidente), meta o bedelho no quintal dos outros?

Vou te contar viu… Pelo menos o Bono Vox é recebido pelos presidentes… Talvez porque só peça informações sobre programas sociais, e não saia por ai dizendo aos que foram votados o que fazer com os votos…

« Older posts Newer posts »