Leio, no Público, que o sindicato dos juízes de Portugal acusa o governo de agredir a independência da função judicial. Essa reclamação é sempre a mesma, qualquer que seja o problema.
Quando eles querem falar de dinheiro, falam de independência judicial. Acho que se envergonham de falar abertamente, e sem motivações outras que as pessoais, sobre os salários. Então, caso tenham as remunerações reduzidas ou não as consigam aumentar como querem, acusam os governos de irem contra a independência judicial.
Mas, uma pergunta que devia ser óbvia: o que raio tem a independência judicial com os salários? Afinal, o que é independência judicial? Será algo como a bela situação da justiça e do ministério público espanhóis, revelada pelos comunicados diplomáticos norte-americanos?
Será que não percebem o sabor a chantagem desse tipo de associação? Será que não se dão conta que essa associação equivale a dizer paga-me senão vendo-me?
Se essa lógica é verdadeira, terá que ser também aquela segundo a qual todos os mal-remunerados têm o direito de corromperem-se! E tem outra implicação terrível, de que os mal pagos destinam-se irremediavelmente à dependência, à venalidade.
A parte cômica do negócio são as expressões em linguagem corporativa indecifrável, a provar que o uso do cachimbo entorta a boca. O comunicado do sindicato qualifica a política remuneratória como uma discriminação negativa inqualificável. Pois bem, se é inqualificável, deixemos isso para lá…
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