Outro dia conversava com um amigo sobre a qualidade músical brasileira, a dos dias atuais e a de antes… Conclusão comum, foi que quanto mais elaborada a música menos simpatizantes tinha. Assim, a música clássica, brasileira ou não, estava sempre fadada a pequenos nichos de “entendidos”, onde por mais que se queira entrar, é muito díficil, por desconhecimento técnico mesmo.
Saltando um bocado do clássico, tem outros estilos, cada vez mais com divisões e subdivisões rotulares que mais me confundem do que auxiliam, música popular, worldmusic, samba, jazz, blues, rock and roll, heavy metal, bossa nova, manbo, a lista é imensa, e veja desse começinho, se captula uma coisa, escuto música daqui, da américa latina, e música em inglês, que toca e é vendida no mundo todo.
Nesse ponto disse a ele que estávamos mal acostumados, com uma música que já não se valorizava mais por aqui, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Antonio Carlos Jobim, Toquinho, Paulinho da Viola, essa lista também é imensa… E vou parando pra não cometer mais injustiças do que já cometi. Mas certo é que estavamos acostumados a uma qualidade musical extraordinária. Coisa difícil de se conseguir não só aqui, mas em qualquer lugar do mundo. Manter isso é praticamente impossível. E eis que hoje, não é que tenhamos música ruim, ou só música ruim, temos sim, é a realidade de não ter mais um Tom Jobim a nos encantar.
Me lembro de uma ocasião, provavelmente num filme sobre a bossa nova chamado “Coisa Mais Linda“, vi um caso em que Jobim conversava com alguém e, este lhe perguntava:
“- Rapaz, você tem músicas entre as mais tocadas do mundo! Concorrendo com os Beatles, explica como é isso, como se sente!!”
E ele respondia com calma, e mesmo sem dar muita impotância:
“- É, mas eles são 4…”
Escutei pela primeira vez o uruguaio Jorge Drexler, quando assisti Diários de Motocicleta. Era dele a música tema do filme, e me agradou bastante. Eis que por esses dias fui procurar algo pra escutar, me lembrei da música. E procurei por seu nome, ao que encontrei outra música, que achei muito legal, e trouxe pra cá. Me pareceu uma poesia bonita, num arranjo legal, e apesar da mistura da mesa de “DJ” com violino, ele lembra sempre que:
“Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos:
Mi guitarra y vos
Mi guitarra y vos.”
Me fez lembrar, da boa música que se tocava aqui, anos atrás.
Letra de ‘ Guitarra y Vos ‘, por Jorge Drexler.
Que viva la ciencia,
Que viva la poesia!
Que viva siento mi lengua
Cuando tu lengua está sobre la lengua mía!
El agua esta en el barro,
El barro en el ladrillo,
El ladrillo está en la pared
Y en la pared tu fotografia.
Es cierto que no hay arte sin emoción,
Y que no hay precisión sin artesania.
Como tampoco hay guitarras sin tecnología.
Tecnología del nylon para las primas,
Tecnología del metal para el clavijero.
La prensa, la gubia y el barniz:
Las herramientas de un carpintero.
El cantautor y su computadora,
El pastor y su afeitadora,
El despertador que ya está anunciando la aurora,
Y en el telescopio se demora la última estrella.
La maquina la hace el hombre…
Y es lo que el hombre hace con ella.
El arado, la rueda, el molino,
La mesa en que apoyo el vaso de vino,
Las curvas de la montaña rusa,
La semicorchea y hasta la semifusa,
El té, los ordenadores y los espejos,
Los lentes para ver de cerca y de lejos,
La cucha del perro, la mantequilla,
La yerba, el mate y la bombilla.
Estás conmigo,
Estamos cantando a la sombra de nuestra parra.
Una canción que dice que uno sólo conserva lo que no amarra.
Y sin tenerte, te tengo a vos y tengo a mi guitarra.
Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos:
Mi guitarra y vos
Mi guitarra y vos.
Hay cines,
Hay trenes,
Hay cacerolas,
Hay fórmulas hasta para describir la espiral de una caracola,
Hay más: hay tráfico,
Créditos,
Cláusulas,
Salas vip,
Hay cápsulas hipnóticas y tomografias computarizadas,
Hay condiciones para la constitución de una sociedad limitada,
Hay biberones y hay obúses,
Hay tabúes,
Hay besos,
Hay hambre y hay sobrepeso,
Hay curas de sueño y tisanas,
Hay drogas de diseño y perros adictos a las drogas en las aduanas.
Hay manos capaces de fabricar herramientas
Con las que se hacen máquinas para hacer ordenadores
Que a su vez diseñan máquinas que hacen herramientas
Para que las use la mano.
Hay escritas infinitas palabras:
Zen, gol, bang, rap, Dios, fin…
Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos:
Mi guitarra y vos
Mi guitarra y vos.
Gostei… bem bacana mesmo!
e o trocadilho q ele faz com o vos é legal!!!
ou eu to vendo coisa q não existe?
hehehheh
Tu começaste com uma coisa que sempre me chama muito a atenção e tem-me parecido válida quase sempre e para quase tudo.
Qualidade e difusão de alguma coisa são inversamente proporcionais. A máxima difusão obtém-se com a máxima diluição quantitativa.
Uma idéia, por exemplo, torna-se consensual para o maior número à medida em que se dilui e fica menos densa.
Eu notei o trocadilho do “Vos” também Thiago!!!
Mas como não tenho castelhano pra tanto, não me atrevi a fazer a observação! =)
Outra coisa, é impressão minha ou esse danado fala “vos” com “vê”, em vez de “ube”???? =))))
Andrei, esse negócio do da inversão qualidade – quantidade tenho notado algo também… Incluso é notável que qualidade não vende muito né… =)))
Rapaz, outra coisa, estavamos conversando com Shampoo naquele dia a noite, ele falou de cu duro… Sabias que há uma dança angolana chamada kuduro!! hehehehehe Com certeza vai ser sucesso na Bahia, considerando que ouvi de Daniela Mercury sobre o ritmo. Como os angolanos falam com sotaque mais português, é quase um português cantando axé, e a dança é meio panisgas… =)))
Ei, outra coisa, não sei como anda o catalogo da Tela Video, mas to com um acervo bacana de filmes aqui, acredito que bom negócio sair com o pen drive no lugar da carteirinha de sócio qualquer dia, claro, dependendo de onde tu assista os filmes… =))) hehehe