A Páscoa é a época mais importante para os adeptos da religião do Galileu, pois nela celebra-se sua ressurreição. Ele terá sido morte, por crucifixão, na sexta-feira e terá ressuscitado no domingo. A Páscoa judaica é uma celebração da passagem da morte, que, entretanto, poupou os filhos de Israel.
O Galileu morreu no primeiro dia de Páscoa. Foi logo enterrado, porque não se podiam fazer funerais no dia seguinte, o principal da celebração judaica. E, no domingo, ressuscitou.
A celebração da Páscoa cristã assumiu enorme importância nos países de maioria dessa religião. Na ortodoxia, inclusive, é nitidamente mais importante que a celebração da natividade, que ocorre por ocasião do solstício de inverno do hemisfério norte. Exatamente por isso, tornaram-se a sexta feira e o domingo feriados.
Em países de maioria cristã, embora laicos, faz sentido que sejam datas comemorativas e, portanto feriados no calendário legalmente estabelecido. Todavia, deve haver alguma relação entre o intuito de celebrar a Páscoa e a condição de feriado legal desses dias.
No colosso tropical sul-americano, a Páscoa implica em feriado na sexta-feira e o domingo, esse já é legalmente dia de folga. Todavia, o poder judicial brasileiro não funciona desde a quarta-feira, diferentemente do restante dos mortais brasileiros! Serão os funcionários da justiça mais cristão que o restante da população? Enfim, essa não é uma pergunta tão boba em um país que proclama, na sua constituição, tanto a laicidade, quanto a igualdade.
É uma pergunta meu caro Andrei que eu nunca consegui responder. Uns são mais cristão que os outros. Impressionante. Serão mesmo servidores federais, estaduais ? Serão mesmo servidores do povo?
puts foi mal. Uns sãomais cristãos que os outros. Pequei.
Pois é, Domingos. Essa é realmente desviante. Virou piada, de tão aberrante.
Hoje, fui levar uma petição para ajuizar na justiça federal e brinquei com os funcionários de lá: e aí, vai todo mundo pra procissão a partir de amanhã? Eles acham graça.
Procissão irão todos. Gravatá. Porto. Bariloche (alguns). O andor não é de barro não. Na sua militância profissional você(ainda bem) não se deixa levar pela indiferença diante de tais fatos. Nisso eu me identifico com você e lhe admiro. O pior é vermos outros profissionais achando normal e convivendo pacificamente com essa triste realidade. Com esse descaso.
Tenho essa impressão também, Domingos.
O absurdo se consolida a passa a ser visto como normal. Ou seja, as pessoas, no fundo, não acreditam em igualdade.
Vergonhoso, lastimável. Se um evento marca de forma inconteste o que é a cultura nacional – pelo menos um aspecto negativo dela – é essa folga desmensurada. A apologia da diferença. A carteirada no plano institucional é nacional. “Tenho a quarta de folga, porque posso”. E os funcionários das varas? “Ah, eu trabalho com dotô fulano de tal”. Povo sem identidade. Quando isso mudar, o Brasil se desenvolve. Um dia esse bacharelismo vulgar…
Germano,
O divórcio entre as formas e a matéria está em quase tudo. Ora, fala-se em princípio da igualdade, que está na constituição.
Claro que esse princípio não é absoluto e há diferenças específicas.
Todavia, não há o mínimo de suporte lógico para diferenças no gozo de feriados! Nisso, são todos iguais mesmo, ou deviam ser.
Andrei
vc soube do texto que Noam Chomsky produziu para receber o prêmio Erich Fromm? Ele diz que a raiz do todos os males é o maldito golpe de 64, no Brasil, que hoje comemora 46 anos.
Aqui o texto original, em inglês:
http://www.countercurrents.org/chomsky300310.htm
Mas ele foi comentado também no Blog do Nassif. Vale a pena a leitura. Vc viu que Viagem ao Fim da Noite foi relaçado mês passado como edição de bolso, pela Cia. das Letras?
Provavelmente, é que eles acham que estão mais próximos de Deus que os outros. Isto acarreta alguns privilégios.
É lugar-comum, mas é verdadeiro. Uns não apenas acham, têm a mais cristalina certeza.
Germano,
Vi, sim, o texto de Chomsky, a partir do Nassif. Uma bela abordagem, lúcida e sem os compromissos habituais. Claro que ele, Chomsky, tem seus próprios compromissos pessoais, intelectuais. Mas, ele foge da corrente e vale a pena ser lido.
Não tinha visto que Viagem ao fim da noite fora lançado em edição de bolso.
Sou fascinado pelas edições de bolso e sempre achei que são poucas no Brasil. Na verdade, o mercado editorial brasileiro é imenso para tolices e restrito para coisas boas.
Ando na febre da estante virtual. É bom, mas não se compara com ir à livraria. Elas se acabaram por aqui, Germano. Em uma cidade de 400 mil habitantes, duas universidades públicas e inúmeras faculdades particulares. Um centro respeitável de tecnologia e etc e não há uma livraria!
Resiste um sebo -alfarrabista – no centro. Tem muitos livros, mas o acesso tem seus incovenientes. Com esse calor infernal e a insegurança do centro, ir ao sebo é sempre um pouco desconfortável, mas ainda vou.
Hão de dizer: “Quem pode, pode. Quem não pode, se sacode.” E outras dessas tolices reacionárias.
André,
Se forem premidos para dizerem alguma coisa, será como disseste. Mas, a estratégia é o silêncio mesmo, porque a coisa não tem pé, nem cabeça.
Andrei,
Pode até não ter pés, nem cabeças, mas tem um espírito barrigudo que os deuses todos nos livrem!