Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

A campanha de Juscelino Kubitschek.

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O homem que seria eleito em 1965 novamente presidente, se os militares não tivessem imposto ao Brasil 21 anos de exemplos de violências, de desprezo pelas leis e por eleições. Se a nossa democracia sempre fora meramente formal, depois do golpe militar de 1964 deixou de ser qualquer coisa.

Inclusive, a popularidade imensa de Kubitschek, que deixara o governo em 1960, depois de inaugurar Brasília, devia ser lembrada por quantos crêem que haveria um golpe de estado dos partidários de João Goulart e classificam o golpe militar – esse que realmente houve – de contragolpe.

Ora, João Goulart ia cumprir o mandato que herdara por conta do fracassado golpe de Jânio e provavelmente entregaria a presidência a um triunfante Kubitschek.

Realmente, quando se afirma algo, convém indagar-se de suas possibilidades. Na ocasião, havia dois campos políticos conflitantes e dispostos à disputa eleitoral. Um era capitaneado por Carlos Lacerda, prócer do direitismo mais profundo e anti-nacional. Outro era capitaneado por Juscelino Kubitschek, prócer de um direitismo nacionalista.

No âmbito político-partidário pouco ou nada havia fora dessa polarização. Os eleitores brasileiros dividiam-se entre essas duas vertentes e não empenhavam apoio, senão residualmente, a outras inclinações políticas.

Então, se Goulart alinhava-se a uma dessas vertentes, não tinha porque tramar golpe algum. Por outro lado, se perfilhava o entendimento politicamente residual, não tinha como dar golpe algum, porque isso é fadado ao fracasso sem apoio popular ou militar.

Ou seja, a suposição de que Goulart pretendia um golpe de estado – suposição que subjaz à tese de que o golpe de 1964 foi um contragolpe – implica supô-lo, a ele Goulart, burro.

2 Comments

  1. Julinho da Adelaide

    Quando eu era garoto dizia-se que o que aconteceu em primeiro de abril foi uma revolução. Como essa tese caiu no ridículo, inventaram o contragolpe. Mas gostei de você ter classificado JK de direita. Devemos estar atentos para não caírmos no maniqueísmo que tanto criticamos nos outros. JK fez um governo muito acima da média, focado no desenvolvimento, mas passou ao largo de problemas importantes que até se aprofundaram no seu governo.

  2. andrei barros correia

    Apresentaste a explicação, Julinho. Como a insistência em chamar o golpe de revolução caiu no ridículo, estão a tentar chama-lo de contragolpe.

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