O final do segundo mandato do Presidente Lula aproxima-se. Neste ano de 2010 realizam-se eleições presidenciais, em outubro, escolhendo-se o presidente que assumirá o cargo em janeiro de 2011. Dois candidatos com reais possibilidades apresentaram-se: Dilma Roussef é a candidata do atual Presidente; José Serra é o indicado do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. O Presidente Fernando Henrique governou de 1994 a 2002 e o Presidente Lula terá governado de 2002 até 2010.
Lula tem aprovação popular, aferida em pesquisas, à volta de 70%. Ele é mais bem avaliado nas classes mais baixas, todavia conta com níveis elevados -mais que 50% – em todas as camadas sociais. Esta popularidade é maior nas regiões mais pobres do Brasil – Nordeste e Norte – o que não significa que seja baixa nas outras regiões. Contrariamente ao que tenta a maioria da imprensa dizer, ele tem níveis elevados de aprovação nas regiões menos pobres – Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As diferenças são, na verdade, pequenas.
As coisas mais temidas geralmente são as mais escondidas e negadas. Um político muito popular é, sim, capaz de influenciar uma eleição, apontando e pedindo votos para o candidato por ele apoiado. Exatamente por isso, o grupo político liderado pelo ex-Presidente Fernando Henrique esforça-se para convencer as pessoas que o apoio ao Lula não se transferirá à candidata Roussef. Ou seja, este grupo evidencia de quê tem medo: da comparação entre governos.
Há um conjunto de números, de dados estatísticos sobre a economia e a qualidade de vida das pessoas, que se consagrou como indicadores habituais do êxito de um governo. Fala-se, então, em taxas de crescimento do PIB, em níveis de carga tributária, em endividamento do setor público, em taxa de desemprego, em reservas internacionais em moeda conversível e outros indicadores deste tipo. Os níveis de aprovação popular não se relacionam diretamente com esses indicadores, mas apontam uma percepção subjetiva de melhora de qualidade de vida que tem, claro, alguma relação com tais números.
No caso dos sete anos do governo Lula, tanto a percepção popular – aprovação – quanto os resultados mensuráveis numericamente são reveladores de uma evolução com relação aos oito anos anteriores, ou seja, aos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. E essa evolução tende a ser aprovada mediante a aceitação da candidata apontada por Lula. Diante disso, o grupo do ex-Presidente vê-se na complicada situação de ter que negar tanto os indicadores de satisfação subjetiva, quanto os que se chamam indicadores objetivos.
Se dois parâmetros de comparação são desfavoráveis a um dos lados e uma eleição gira em torno a comparações, percebe-se que a tarefa do lado em desvantagem é inglória. Ou mente, ou faz o jogo sujo. Parece que aceitaram a necessidade de jogar sujo e mentir e não perdem tempo no emprego dessas estratégias, de resto as únicas restantes. Fazem-no por meio dos média tradicionais: redes de televisão – que são concessionárias públicas – três ou quatro grandes jornais diários e tantas outras revistas semanais.
Essas televisões e jornais – deve-se dizê-lo sem mais arrodeios – fazem campanha contra o Presidente Lula. Campanha evidente e e aberta. Atuam no campo da indignidade, do baixo nível intelectual, do preconceito, da vida particular e da mentira. Aqui, não viso ao modo de atuação da imprensa institucional contra o Lula e por isso não me alongo, mas uns exemplos são necessários e esclarecedores. Esses meios comprazem-se em chamar o Presidente de ignorante, porque não tem uma graduação universitária, em ridicularizar o fato de cometer um e outro erro de português, em ridicularizar o fato de ter um dedo a menos na mão esquerda!
Mas, é possível compreender a razão de atuarem nesse âmbito da infâmia e da deselegância, como quem supre a ração diária de baixezas com que se alimentam as classes médias nostálgicas de algum fascismo. A razão encontra-se no que dizem os tais números.
Crescimento do PIB
Média dos anos FHC: 2,32%
Média dos anos Lula: 4,20%
Crescimento da dívida líquida do Estado relativamente ao PIB
Anos FHC: 485%
Anos Lula: 30%
Dívida líquida do setor público em % do PIB
2002: 51,3%
2009: 43,0%
Desemprego nas regiões metropolitanas
2002: 11,7%
2009: 8,1%
Reservas internacionais em bilhões de dólares
2002: 37,82
2009: 239,42
Andrei, não esqueça do discurso de que o crescimento econômico do Brasil, nos primeiros anos do governo Lula, não acompanhou a média mundial. Erro do analfabeto!
Depois, veio a crise. O Brasil, ano passado, por exemplo, não cresceu. Erro do analfabeto!
Esqueceram, por outro lado, qual foi a repercussão da crise nos donos do mundo.
Morre o discurso, nasce a patifaria.
ai ai.
Contrapor LUlista é muito facio.
Vamos lá.
sobre PIB:
o crescimento médio do Brasil de 1995 a 2002 foi de fato 2,3% ao ano. (fonte ipeadata)
No entando, voce, como bom lulista ou omite a fonte ou esconde os fatos. O cescimento médio do pais de 2003 a 2009 foi de 3,5% e não 4,2%. A rigor o Brasil crescem mais de 5% em apenas um destes sete anos. E cresceu 0% em 2 anos. (fonte tb ipeadata)
Vale informar que o PIB brasileiro de 1989 a 1994 cresceu 1,1% ao ano. Logo por essa analise o governo FHC “acelerou” o crescimento em 1,2% ao ano.
Vale informar tambem que o PIB mundial de 1995-2002 cresceu por ano 3,2% e o PIB mundial de 2003-a 2009 creceu 3,7%. Conclusão nos 8 anos de FHc e 7 anos de Lula o Brasil cresceu menos do que o resto do mundo.
Pedro,
Não sou bom, nem mal lulista. Em 2010 sou dilmista. Tenho lado é claro.
Não escondo fatos. Omiti a fonte, sim. Os números foram retirados da Carta Capital de 10/03/2010. Que, por sua vez, retirou-os do IBGE, FMI e Ipeadata.
E são exatamente os que pus no texto. Especificamente quanto a crescimento do PIB, o que você mencionou, são os seguintes:
Média dos anos FHC 2,32% no mundo 3,53%
Média dos anos Lula 4,20% no mundo 4,38%
Significa que o PIB cresceu mais nos anos Lula que nos anos FHC e que cresceu menos que a média mundial nos dois períodos.
As médias mundiais, não nas apontei no texto porque não quis. As médias de crescimento brasileiras, foram, sim, inferiores às mundias nos dois períodos considerados.
Mas, não comparei o Brasil ao mundo. Comparei o desempenho de dois governos. E o desempenho do período do governo do Presidente Lula foi superior ao de Fernando Henrique em todos os números apontados.
Fugindo completamente a discussão, acredito que é sempre bom discutir com quem tenha algo a acrescentar! Por acreditar que temos todos a mesma perspectiva, achar uma pessoa que tenha outra perspectiva, e fale, em lugar de gritar, é sempre muito bom.
Sobre os lados, esqueçam os lados… (Por mais que eles existam, apenas em favor de uma boa discussão)
Andrei a revista The Economist traz uma comparação que deixa os economistas tucanos enfartados, safenados e emputecidos. A máxima deles é contra números não tem argumentos. Destilam ódio e expumam quando percebem que o sr. pavão Sorbonne não conseguiu o que o analfa sem um dedo consegue até hoje. E que vai fazer Dilma a nova presidente do Brasil. Graças a Deus. Porque Serra ninguém merece. Nem São Paulo, Nem Minas, nem Pernambuco, nem o inferno. Deixa estar. Comparemos. Mas deixa estar. Quem esbraveja rasteja. E cobra já temos muitas na nossa política e em todos os partidos ora pois.
Pois é, Domingos, esse pessoal sempre andou com os números em baixo do braço. É número prá lá e número prá cá.
Acontece que os números de economia deixam claro que os últimos sete anos foram muito melhores que os oito que os antecederam.
Eu tenho muitas restrições pontuais aos governos do Lula, mas não vou partir para a loucura de supor que foram piores que os de Fernando Henrique.
Lula é genial, principalmente em política.
Penso que os números do governo Lula são e têm que ser obrigatoriamente bem melhores do que os do governo FHC. O ambiente externo foi muito diverso nos dois governos – e ameno nos anos Lula. Não vejo nos números de Lula nada de muito extraordinário, principalmente se fizermos uma comparação informando os dados da economia mundial nos respectivos períodos.
Penso, finalmente, que Lula, na economia, fez apenas o obrigatório: sair-se melhor em relação a um governo anterior, principalmente em condições melhores. Infelizmente, é impossível em história se trabalhar com “e se”, e por isso nós nunca saberemos se um governo Serra teria apresentado números melhores ou piores.
Sinceramente, estou com um certo distanciamento deste próximo pleito, o que excepcionalmente considero saudável: independente de quem for o próximo presidente, Dilma ou Serra, o Brasil vai continuar nos trilhos do crescimento. Os detalhes variam, mas em termos macro, creio que ambos seriam muito parecidos se tivéssemos a possibilidade de saber os resultados deles.
Para mim, provavelmente seria melhor um governo Dilma. Como trabalho pro governo federal, em ela continuando a política de Lula em relação ao quadro de funcionários, só “aumentam meus aumentos” salariais e surgem mais oportunidades com novas vagas. Mas, ao fazer minha análise nos próximos meses que antecedem o pleito, pensarei “grande” e tentarei ver quem é melhor ao longo prazo para o Brasil. Minha tendência seria de mudança para a oposição, pois acho a alternância política muito salutar – se bem que temos países desenvolvidos em que um partido ou coalizão ficam no poder por bem mais de 8 anos sem ser desvantajoso… Enfim, um assunto mais que apropriado de ser abordado num blog inteligente como esse (se bem que eu achei o artigo muiiiiiito tendencioso, mas isto são outros quinhentos, pois num blog o autor tem que ser tendencioso – quem vem aqui quer ver o que os autores pensam).
Emanuel,
Já se falou bastante sobre as circunstâncias e os resultados de governos.
Durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, houve três crises mundiais, basicamente restritas aos países periféricos que mantinham suas moedas apreciadas.
O Brasil e a Argentina pagaram alto preço por terem enveredado pela aparência de riqueza, com moedas fortes a partir de empréstimos.
A Argentina, creio, teve a sorte de quebrar de verdade. O Brasil insistiu no sonho.
William Clinton determinou ao FMI um empréstimo de 41 bilhões de dólares às vésperas da quebra e da reeleição de Fernando Henrique. Íamos quebrar também, mas resolvemos o problema com mais dívida.
O governo seguinte, do Lula, não enfrentou propriamente o melhor dos mundos. Mas, atuou segundo a percepção de que seria possível a ortodoxia e uma pouca de distribuição de rendas.
Teve êxito, na medida em que se apresentaram condições mais favoráveis, depois de três anos. Deparou-se com a maior crise econômica depois de 1929 e saiu-se bem.
Teria se saído mal se tivesse seguido à risca a receita do anterior governo. Felizmente, manteve a maior empresa do subcontinente pública. A Petrobrás, que Fernando Henrique queria vender a qualquer preço, hoje é uma peça fundamental e a terceira maior corporação.
Enfim, o êxito econômico dos governos do Lula não se devem apenas ao acaso ou às circunstâncias. Houve atuações no sentido certo.
Houve sim e não nego. Não acho que os êxitos econômicos do governo Lula foram simplesmente coisas que aconteceram sem a atuação do governo. Nesta última crise mesmo, o governo atuou muito bem, reduzindo impostos em áreas importantes e com outras medidas; o resultado, um PIB praticamente estável, é de se comemorar e não de se comparar com Índia e China. Na minha opinião, os BRICs se dividem em três categorias: uma com a China e a Índia, que por suas características especiais mantiveram crescimento mesmo em meio a crise; outra categoria com a Rússia, que amargou grande perda no PIB, salvo engano; e, por último, uma categoria com o Brasil, que conseguiu ter apenas uma pequena queda no PIB, coisa que recuperaremos facilmente este ano. Destas três categorias, sem ufanismo algum, acho que quem está em melhor vantagem é o Brasil. Não temos crescimento gigantesco como Índia e China, mas somos um país já industrializado, com instituições democráticas estabelecidas, mercado interno em expansão e perspectiva de crescimento nas exportações; a meu ver, temos o que há de melhor nos chamados BRICs. E, venhamos e convenhamos, ninguém precisa de crescimento próximo a 10% por ano… Um crescimento constante de 5-6% já é o suficiente para nós, se mantido a longo prazo, pois nos dá benefícios mas não pressiona muito a inflação.
Por fim, reconheço as atuações do governo Lula, mas continuo a afirmar que só foi feito o que deveria ser feito, e que Serra ou Dilma continuarão fazendo mais e o Brasil inexoravelmente continuará caminhando para frente. Posso ser otimista demais, mas acredito que a sociedade brasileira não aceita mais andar para trás.