Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

A Guerra do Paraguai. Um bom video.

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Um video – em quatro partes – bem claro sobre a Guerra do Paraguai. A última parte – deve-se dizer – é muito mal narrada em português, por um indivíduo que parece não saber ler.

Matamos, brasileiros, argentinos e uruguaios, 90% da população masculina do Paraguai. E roubamos partes do território paraguaio. E, depois, praticamente acabou-se o Paraguai. Basicamente, isso ocorreu por conta de insatisfações comerciais de Buenos Aires e do Rio de Janeiro com alguns êxitos na criação de gados e em uma pouca industrialização que ocorria no Paraguai.

Absolutamente ignorante de história e absolutamente descortês, hoje, uma rede de televisão brasileira acha razoável agredir os paraguaios a propósito de futebol. Uma rede de televisão que é detentora de uma concessão pública! Não terão bastado os assassinatos?

8 Comments

  1. Emanuel Colaço

    Para mim, esta guerra é a grande vergonha nacional. Algo para ser sempre lembrado e nunca utilizado como algo de mérito por nossas forças armadas…

    • Andrei Barros Correia

      O exército brasileiro assumiu o trabalho sujo do meio para o final do conflito, perseguindo Lopez até matá-lo.

      Entre algumas ações edificantes desempenhadas pelo exército brasileiro e pelo argentino também está a contaminação dos cursos d´água com cólera.

      Diz-se – mas não averiguei – que o duque de Caxias, Luis Alves de Lima e Silva, enriqueceu com negociatas no comércio de suprimentos para a campanha.

      O exército brasileiro, notadamente as tropas sul-riograndenses aperfeiçoaram-se no hábito tão espanhol de degolar.

      Ficaria tristemente evidente essa prática na terceira campanha de Canudos, a que foi conduzida pelo coronel Moreira Cesár, conhecido como o corta-pescoços.

      E, tanto a prática, quanto a repugnância que gerava, ficariam eternizadas na arte. Mario Vargas Llosa, n´A Guerra do Fim do Mundo – obra magnífica sobre a guerra de Canudos – cria uma das cenas literárias mais culturalmente dramáticas que há.

      Três suboficiais gaúchos gloriam-se e gabolam-se de estarem a degolar prisioneiros do arraial de Canudos. Chega um oficial do exército, de origem bahiana.

      Acha desnecessária e aviltante a prática a que se entregam os gaúchos, inclusive como se fosse algum ato de coragem.

      Pára diante do alféres gaúcho e diz-lhe: você é de bem longe daqui, não é? Não sabe qual é a maior ofensa a um homem por essas terras?

      Dá-lhe uma fortíssima tapa na cara, de mão aberta, que leva o alferes ao chão, de quatro patas. Diz-lhe: Se se levanta, está morto.

      Em seguida, abre a braguilha e urina na cara do alféres, posto no chão de quatro patas. E diz: Meter a mão na cara de um homem, como lhe fiz, é ofensa gravíssima. Mas, mijar na cara dele é a pior de todas.

      • Julinho da Adelaide

        Não conhecia esta história. Cortar cabeças de pessoas desarmadas e rendidas nunca foi prova de coragem. Que baiano arretado!!!

  2. Julinho da Adelaide

    Andrei. Diz-se que a incipiente industrialização paraguaia teria incomodado à inglaterra, a quem importava manter a divisão internacional do trabalho vigente, onde cabiam a eles a produção de manufaturas que seriam trocadas por nossos recursos naturais e bens primários. Ainda mais que havia no Paraguai uma renda bem melhor distribuida pela facilidade ao acesso à terra o que seria fundamental para a expansão do mercado interno, peça chave na expansão capitalista, e que num próximo passo seria competir com eles pelo mercado sulamericano com evidentes vantagens de custos de matérias-primas e de logística. Outro fato importante é que havia lá um grande avanço na área educacional. Os interesses locais devem eventualmente ter colaborado mas provavelmente não foram decisivos. O fato é que fomos usados para praticar um genocídio contra um povo pelo simples fato dele estar buscando com relativo sucesso seu crescimento e independência. Li em algum lugar que a mortandade da população masculina teria sido de tal monta que foi tolerada a bigamia para permitir o desenvolvimento populacional. É dessa gente que nos achamos vítimas e nos achamos com o direito de escarnecer. E quem duvidar que essas coisas possam acontecer pelas mãos de uma potência internacional basta conhecer a história de Delmiro Gouveia, Irineu Evangelista e, mais recentemente, com toda a cadeia têxtil do Nordeste.

    • Andrei Barros Correia

      Julinho,

      Tenho para mim que as movimentação britânicas têm sido superestimadas. Claro que o Paraguai desagradava aos interesses britânicos, mas era em proporções pequenas. A despeito de avanços em fundição e estradas de ferro, a economia paraguaia era pequena, isso é bem documentado.

      Os avanços em educação, esses eram mais perigosos para os interesses dos vizinhos próximos.

      Minha impressão é que pesou mais o medo brasileiro, portenho e uruguaio da exportação do modelo mais includente praticado no Paraguai.

      Medo de inclusive perder territórios, pois as fronteiras eram bastante fluidas e a sedução se espalhava.

  3. Andrei Barros Correia

    Moreira Cesar e suas tropas, particularmente, tiveram ocasião de familiarizar-se com a prática da degola, por ocasião da sufocação da revolta de Desterro (Ilha de Florianópolis).

    Os revoltosos haviam degolado seus inimigos!

  4. Julinho da Adelaide

    Andrei. As explicações do fato histórico pelo caminho puramente econômico e da forma que ele manipula a política são certamente incompletas como você apontou antes com o texto do toureiro com o qual concordei. Mas tenho certeza que você não as despreza. Nossa divergência aqui se prende então apenas ao grau de atuação ou de influência, o que, convenhamos, não subverte causas e efeitos nem são interpretações que se ponham em conflito, afinal. Com certeza as causas locais atuaram fortemente no processo como você diz.

    • andrei barros correia

      Acho que estamos de acordo, Julinho. Há causas econômicas inegáveis. Nesse caso, por exemplo, interessou muito à Inglaterra até porque o Brasil e a Argentina endividaram-se para comprar armas.

      Meu comentário era apenas para realçar a discordância com certa historiografia que enfatiza somente os interesses britânicos, esquecendo de todo e qualquer outro.

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