http://youtu.be/EsZ_Jy0q_V8
Mês: dezembro 2011 (Page 2 of 3)
http://youtu.be/6UXH84LE8Js
http://youtu.be/5WGpMlx0ZR4
O Barcelona é a prova da assertiva quem corre é a bola.
Severiano Miranda, meu caro, um pequeno exercício de lógica formal, levado a cabo em conversa com um interlocutor sagaz, Gustavo Farias Alves, levou-me a uma conclusão que deve te interessar: deus é castelhano!
É o seguinte: de acordo com a esposa de Kaká, deus deu dinheiro ao Real Madri para contratar o futebolista bom-moço.
Acontece que Kaká dá sinais de decadência futebolística e, a despeito do alto preço de sua contratação, com dinheiro divino, tem servido apenas para enfeitar o banco de reservas madridista.
Parece que deus fez um mau negócio, porque não é razoável supor que tenha feito má escolha ou mesmo qualquer escolha. Nisso, temos que concluir que a esposa de Kaká equivoca-se, pura e simplesmente.
Ora, a única saída é perceber que, na verdade, deus deu o dinheiro ao Real Madri para que gastasse como melhor lhe aprouvesse. Ou seja, deus favorece o Real Madri em troco de nada! Logo, é castelhano. Não é fantástico?
Um trecho de A Farsa e a Preguiça Brasileira. Introdução por Ariano Suassuna à sua obra A Farsa da Boa Preguiça:
É por isso que, como eu dizia antes, tenho um certo preconceito de raça ao contrário. Preconceito que – não é preciso dizer – absolutamente não existe diante do bom estrangeiro ou do bom imigrante de qualquer raça ou cor, que traz para cá sua pessoa, sua família, sua vida, sua cultura, enriquecendo-se e enriquecendo a nossa grande Pátria. Preconceito que deixará de existir também, extramuros, quando esses Povos brancosos que, por enquanto, são os poderosos do mundo, não puderem mais nos oprimir e explorar.
Agora, sempre me senti muito bem, ao contrário, em contacto com os europeus mediterrâneos, principalmente os gregos, os italianos e os ibéricos, assim como com os africanos – inclusive os árabes – e com asiáticos como os judeus ou os hindus. É por isso que, na minha Poesia, escolhi como símbolo do Povo brasileiro a “Onça-Castanha” e, às vezes, a “Onça-Malhada”. E se não faço referência expressa aos outros latino-americanos, é porque, inconscientemente e naturalmente, no meu espírito eles formam com os brasileiros uma só coisa.
Isso que Ariano diz chama bastante minha atenção. É engraçado ver alguns a defenderem um universalismo total, por um lado, ou uma segregação absoluta, por outro, duas posturas que não passam de dominação e tentativa da destruição das identidades.
As identidades existem e quanto maior for o afã de negá-las, como instrumento mal disfarçado de domínio, mais elas reforçam-se.
Os círculos de pertencimentos culturais são evidentes. É sumamente falso que alguém repute, por exemplo, diferente um paraibano estar em Alagoas ou um alagoano na Paraíba. É a mesma coisa!
É louco quem estranhar se eu disser, por exemplo, que me sinto muitíssimo bem em Portugal. Evidentemente que não é a mesma coisa estar aqui e lá, mas as similitudes culturais são imensas.
Também é louco quem postular a incomunicabilidade e a impossibilidade de alguém situar-se à vontade em cultura profundamente diferente da sua. É possível, sim, mas é mais raro.
Essa canção lembra-me alguns temas de Nino Rota para filmes de Fellini.
É notável como alguns prefácios ou notas introdutórias podem ter a mesma qualidade que as obras que eles anunciam. Não se trata de serem o mesmo gênero, é claro, mas de serem memoráveis, de merecerem lembrança tanto quanto a obra.
O que me faz dizer isso é a introdução à Farsa da Boa Preguiça. Ela e a peça de teatro são de Ariano Suassuna. A peça teatral faz-me ter os cuidados que tenho com a poesia, porque é preciso ve-la e não apenas le-la. Por isso, a introdução deixa-me mais à vontade, ela que é um texto contado e corrido, simplesmente.
Ariano, em estilo direto e clariíssimo, diz de onde veio a obra, quais as condicionantes dele, quais as objeções que recebeu, como respondeu às objeções, porque escreveu a peça, o que quis dizer nela.
Desses ditos, impressionaram-me dois: a exposição das condicionantes do autor e a apresentação das objeções que recebeu e das refutações a elas. Ele não pára a descrever sua vida, mas fala dela e conta uma e outra estória. Ele não faz pesar sobre os objetantes a lógica que conhece muito bem.
Não omite o alcance das contrariedades à sua peça. Tampouco as detalha. Exemplifica com uma frase de alguém que tentou, na época da estréia em 1960, atingir a obra com a frase de efeito. Alguém disse que o português era a língua viva mais morta que havia.
Era uma forma de chamar de anacrônico o autor de iberismo declarado. Uma forma superficial, de superficialidade que se devia perceber bem naquele tempo e que se percebe evidentemente hoje.
O gôsto de alguma coisa, desde modos, falares e obras artísticas, passa pela identificação, que é um canal de percepção da realidade e da criação. É mais fácil gostar ou desgostar de alguma coisa que se perceba, que se possa apreender conforme modelos que já tenhamos. Assim, por exemplo, qualquer original em português será mais autêntico para o leitor lusófono que alguma tradução ou obra em outra língua, por mais que este leitor seja fluente na outra língua.
A identidade, estabelecida primeiramente pela língua, é o que certos universalismos e cosmopolitismos sempre quiseram negar, com insistência invulgar. A negativa, todavia, não passa de tentativa de imposição de outra identidade particular, alçada por mágica à condição de denominador comum.
Por isso falei em Max Weber; pelo fetichismo que nele se encontra da unidade em torno aos valores anglo-saxões e protestantes. Weber conseguiu obrigar gerações a aceitarem uma particularidade como se fosse o modelo ideal do universal triunfante. E o que nele era uma idéia – idéia voltada a convencer e criar poder, portanto – nos imitadores de outras latitudes tornou-se caricatura, porque nunca se despiram inteiramente de suas ibericidades.
Ariano diz que tem preconceitos com os povos nórdicos e que se identifica com ibéricos, andinos, árabes, judeus, gregos… É óbvio que um cavalheiro inteligente tem preconceitos, assim como é óbvio que os afirmando não está a dizer que mataria por eles.
Pois diz Ariano que nós, povos castanhos do mundo sabemos, ao contrário, que o único verdadeiro objetivo do Trabalho é a Preguiça que ele proporciona depois, e na qual podemos nos entregar à alegria do único trabalho verdadeiramente digno, o trabalho criador, livre e gratuito.
Ariano, de certa forma, é a antítese do pedantismo e, talvez, síntese de uma elegância aristocrática que está na ausência de travestimento. Uma coisa que é possível quando o sujeito percebe-se, não como puro, mas originado de algo muito bem definido.
Isso aí é a quarta página de uma coisa chamada relação dos candidatos aprovados na prova de expressão escrita. Trata-se de um concurso público para professor da Universidade Estadual da Paraíba. Na tal relação consta, como aprovado ou aprovada uma pessoa que não compareceu! Isso é sério?
http://youtu.be/3SBnbuMBY88
Leave your wories in the doorstep, and… listen to her, to the piano, the bass.