Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: dezembro 2010 (Page 3 of 6)

Morte e vida severina, na visão de Chico Buarque.

O vídeo tem nítido contorno político, assim como teve a interpretação de Chico desses versos divinos de João Cabral de Melo Neto.

A questão enseja essa abordagem porque a divisão das terras no Brasil ensejou e enseja muita pobreza e muita violência.

A poesia cabralina não era motivada politicamente, todavia, e o poeta não se agradou da abordagem de Chico, embora a tenha autorizado.

Tribute to the Euro Currency.

Oh, life is bigger
It’s bigger than you
And you are not me
The lengths that I will go to
The distance in your eyes
Oh no, I’ve said too much
I set it up

(chorus)
That’s me in the corner
That’s me in the spotlight, I’m
Losing my religion
Trying to keep up with you
And I don’t know if I can do it
Oh no, I’ve said too much
I haven’t said enough
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try

Every whisper
Of every waking hour I’m
Choosing my confessions
Trying to keep an eye on you
Like a hurt lost and blinded fool, fool
Oh no, I’ve said too much
I set it up
Consider this
Consider this
The hint of the century
Consider this
The slip that brought me
To my knees failed
What if all these fantasies
Come flailing around
Now I’ve said too much
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try

But that was just a dream
That was just a dream

(repeat chorus)

But that was just a dream
Try, cry, why try?
That was just a dream
Just a dream, just a dream
Dream

Graças a Deus por tudo: heresia ou insinceridade?

Dissemina-se qual uma praga de gafanhotos e com os mesmos efeitos destrutivos a mania de tudo agradecer e imputar a um Deus. Falo em um Deus, assim no singular e com letra maiúscula, porque são tantos grupos a reivindicar deuses próprios como suporte de seus códigos de polícia moral que deve haver vários deles mesmo. E uso a maisúscula em respeito ao único, se houver, tão vilipendiado pelo uso indiscriminado e vulgar dessa palavra.

O problema de agradecer-se a Deus qualquer coisa é que isso é uma racionalização. E, no campo da razão, as coisas agradecíveis a Deus são, tanto prováveis, quanto improváveis.

O outro problema é que consiste em falta de sinceridade galopante. Se a proposição de Job faz sentido, ou seja, que Deus dá e retira e não está em causa indagar das razões, as proposições das pessoas são mentiras.

Vêem-se, em grande número de carros, de comentários, de quase tudo, coisas do tipo: foi Deus que me deu, graças a Deus tenho isso ou aquilo ou, ainda, esse coisa pertence a Deus – esta geralmente em automóveis.

Acontece que não correspondem essas afirmativas ao que os afirmadores têm nos seus íntimos. Se o sujeito perde o carro que dizia ter por doação divina ou ainda que dizia ser de Deus – incoerência suprema – fica com raiva e não se resigna como deveria se fosse o caso realmente de ganhar-se ou perder-se algo por vontade de Deus.

Ora, se alguém diz que tem algo porque o ganhou de Deus, deve assumir que o pode perder por desígnio desse mesmo Deus! E se algo perde-se porque Deus o quis retirar, não é dado ao depositário temporário insurgir-se contra isso, ou ficar com raiva, ou buscar indenização, ou matar, ou recorrer ao seguro, coisas que sempre ocorrem.

Se essas proposições têm a pretensão de serem racionalizações válidas, seus proponentes devem dizer que ganharam ou perderam alguma coisa graças a Deus. E dizer verdadeiramente, ou seja, com uma prática coerente com o dito.

Racionalização muito mais válida e ademais sincera é retirar as contingências materiais da vida da esfera do que é dado ou retirado por Deus. Reservar a esse Deus o que pode ser divino, que não inclui a distribuição de presentinhos aos funcionários de alguma agência de publicidade que usa seu nome.

É deixar de crer que um Deus pode ser agradado por discursos advogadescos e frases incoerentes, como se busca seduzir um juiz para ganhar uma indenização. Homenagens e agradecimentos mentirosos e efusivos fazem-se às pessoas, exatamente porque só se fazem entre iguais.

Ou vão assumir que esse Deus de que tanto falam, no fundo reputam-no uma pessoa qualquer?

Brasil: as raízes da deformação social – Atualizado.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos – Pisa divulgou os resultados das avaliações de 65 países. O Brasil ficou na 53º posição, ou seja, muito próximo das últimas. Ainda que tenha melhorado em relação a 2006, a situação é terrível. Como disse a Economist, a situação brasileira evoluiu de desastrosa para muito ruim.

Há dois dados que merecem olhar atento e menções cuidadosas e sem eufemismos, por isso transcrevo adiante passagens da matéria da revista, citada na BBC em português:

Mesmo escolas privadas e pagas são medíocres. Seus pupilos vêm das casas mais ricas, mas eles se tornam jovens de 15 anos que não se saem melhor que um adolescente médio da OCDE”

“Apesar do avanço, a revista diz que dois terços dos jovens de 15 anos são incapazes de fazer qualquer coisa além de aritmética básica.”

A primeira conclusão é que a falta de educação é bastante democrática e permeia todas as classes sociais, embora as mais altas não o aceitem.

A segunda conclusão é que o nível de escolaridade médio é obscenamente baixo. A enorme maioria das pessoas não é capaz de compreender um texto, qualquer que seja ele, nem de expressar-se por escrito, ainda que em um bilhete.

E expressa-se oralmente por uma linguagem repleta de termos ambíguos, repetidos e plurisignificantes. Claro que sempre haverá um e outro linguista a chamar essa imprecisão de riqueza da oralidade. Mas, isso é o germe da pobreza e da aceitação da dominação, sem percebê-la.

Nesse ambiente, os que dominam razoavelmente algumas ferramentas lógicas, ou seja, sabem construir um período minimamente coerente, têm aberto o caminho da pequena sofística e obtém as migalhas que bastam-lhes para serem 10% da população.

O incremento da concentração de rendimentos permite que as camadas médias permaneçam mais ou menos onde se encontram, na escala social, com menos competências. Isso porque as vastas camadas baixas e baixíssimas não possuem, de regra, educação alguma. É aquilo que vulgarmente enuncia-se naquele dito genial: em terra de cego, quem tem um olho é rei.

É interessante que a revista Economist não consegue escapar da prisão das suas condicionantes ideológicas. Ela diz que o problema é de dinheiro. Ela tem que referir tudo a dinheiro, é claro, mas incorre em uma contradição. Se a publicação diz que o nível das escolas privadas e públicas é muito semelhante e se sabe que as primeiras são caríssimas, devia perceber que a associação está errada.

Gasta-se muito dinheiro em educação privada no Brasil e, nada obstante, ela é péssima. Evidentemente que mais dinheiro ainda poderia significar um incremento marginal de qualidade, mas a falta dele não é a causa principal dessa comédia de horrores.

O ponto central é o pacto pela mediocridade. Esse acordo é daqueles que se pactuam com Satanás de fiador e os contratantes acham imensas vantagens nele. Dá-se algo como o sujeito que está feliz por pagar juros de 10% porque algum vizinho está a pagar 11%. Apenas o fulano desconhece que há quem pague 09%.

O pacto pela mediocridade funciona assim: um pequeníssimo grupo chama outro menos pequeno e garante-lhe que não se deve preocupar com bobagens de livros, investigações e coisas do gênero, porque eles estão a engendrar um mundo maravilhoso de abundância, que será obtida por duas razões, a primeira mágica, a segunda o trabalho de um terceiro grupo.

O segundo grupo – o menos pequeno – acha a idéia sedutora, mas antevê por entre algumas sombras que ainda falta algo para fechar a conta. Claro, diz o grupo mais pequeno, mas pensamos nisso também. O pacto vai ser firmado com o terceiro grupo também!

O grupo intermédio, sincero nas suas desconfianças, objeta timidamente que talvez o terceiro grupo não queira aderir. Mas, a verdade descortina-se a uma revelação do primeiro grupo: ora, o terceiro grupo é incapaz de expressar sua vontade, precisa ser tutelado. Fiat lux!

Firmamos por ele, que precisa ser tutelado e afinal não compreende coisa alguma do extenso contrato.

Permito-me inserir, aqui na postagem, o comentário de Rafael, porque corrige informações que retirei da Economist por meio da citação da BBC. Porque traz informações precisas e porque traz uma boa análise. Segue o comentário do Rafael:

As performances das escolas privadas e das públicas não são semelhantes. A nota média das escolas privadas brasileiras no teste da PISA foi de 519. A das públicas foi de 398. Há um gap na qualidade delas, e ele é enorme. A distância entre um estudante de escola privada brasileira e um de escola pública é semelhante àquela entre um estudante britânico e um colombiano. Em média, aliás, a nota do estudante de escola privada brasileira supera a de um estudante americano médio (497), e também a de um estudante britânico médio (502) ou a de um estudante médio de um país médio da OCDE (497). Nem por isso a The Economist chamará de medícores as escolas de seu país, do Reino Unido. Mas com países da América Latina, usa-se muito nos textos dessa revista de adjetivos vazios como sucedâneo de uma análise dos fatos. Essa revista, aliás, se notabiliza por sempre tentar interpretar a realidade dos fatos e prever tendências futuras com um número muito reduzido de conceitos, todos eles invariavelmente extraídos de uma visão de mundo liberal. Que a The Economist prevê como fadada à ineficiência qualquer tentativa de melhorar a qualidade do ensino público através do aumento de gastos no setor, é prova disso. O argumento dela nesse sentido – um argumento, aliás, muito tosco e simplista – é o de que os gastos relativos ao PIB do Brasil nesse setor já são maiores que a média dos gastos dos países membros da OCDE. Em vez disso, a The Economist recomenda como exemplar a estratégia adotada pelo governo São Paulo – um estado que, apesar de rico, fornece uma educação pública muito ruim, até abaixo daquela da média brasileira, algo que a maioria dos brasileiros que lêem jornal já devem saber bem.

Wikileaks: assimetria e mentira.

Os EUA deviam despir a fantasia de legalidade e outras tolices mais, que eles não levam minimamente a sério.

O negócio da acusação de estupro contra Assange é de desonrar a Suécia por dez gerações, se alguma vez tiveram honorabilidade.

Colocam-se um governo, ministério público, justiça e essa merda toda a serviço de prender um sujeito por um pretexto falso.

A acusadora viveu uma farra de 14 dias com Assange, foi a concertos, comentou a brincadeira no twitter e outras coisas. É óbvio que é um golpe orquestrado, nada tem de estupro.

Esse pessoal seria mais respeitável se mandasse dois agentes para sequestrar e matar Assange, pura e simplesmente, como sempre fizeram.

Mas, não. Armam uma comédia e chamam seus súditos para desempenharem os papéis mais infamantes. E eles aceitam!

Os EUA têm uma rede de hackers. A partir de uma lógica trivial, não deviam sair por aí falando em pirataria e coisa e tal.

Assim, a guerra é assimétrica em favor dos patifes. Usam ao mesmo tempo essa vacuidade que atende por sistema legal e os meios ilegais!

Os que divulgam as patifarias só dispõem dos meios ditos ilegais, o que é uma enorme desvantagem.

Espero que derrubem todos os sites de bancos e outras associações mafiosas desse tipo.

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