Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: outubro 2010 (Page 3 of 7)

Apertem os cintos, o blogueiro sumiu!

Bom, o blogue “A Poção de Panoramix”, inicialmente é “Uma colaboração de amigos sobre Literatura, Política, Cozinha, Filmes, Infâmias e Brasil…” como está nas descrições dos motores de busca.

Acontece que a parte sobre a “colaboração de amigos”, dessa descrição, hoje, é um pouco distante da realidade. Os amigos, que inicialmente sempre escreviam, estão um tanto quanto sumidos, alguns escreveram poucos textos, inclusive eu, que vos escrevo agora, e que sou um desses que desapareceu. Desapareceu é modo de dizer, na verdade o meu mea culpa é mais porque parei de escrever, pois afinal, continuo na gerência do blogue, atrás das cortinas. Fizemos a mudança de servidor, e mais algumas coisas “importantíssimas”.

Mas de verdade, verdade mesmo, o “blogueiro” acabou sendo Andrei. E toda produção ficou centrada nele, e apesar de sempre tentarmos abduzir novos produtores de conteúdo. Fora alguns posts, não conseguimos muito sucesso.

Eis que Andrei teve que viajar a Braga – Portugal, por questões pessoais. E quem fica responsável pelo blogue durante as próximas duas semanas provavelmente, é Severiano, o contra regra.

O resultado prático, é uma queda de qualidade nos textos, que ficam mais superficiais, e com mais links. Esperemos a volta do blogueiro chefe, dentro de algumas semanas, com uma pá de novas estórias astrológicas.

A classe média e o momento em que a ignorância inibe o oportunismo.

A característica mais evidente das classes médias brasileiras é o oportunismo. Percebeu que as migalhas dos repastos do 01% são suas. Recebem-nas avidamente e agradecem timidamente, macaqueando o que acham ser o comportamento do 01%.

Timidamente e a macaquear, sim, porque é incapaz de gratidão verdadeira, apenas de mimese e subserviência, que são coisas distintas. A gratidão verdadeira é incompatível com uma simulação a que se entrega como auto-justificação, a crença em ter méritos.

O 01% dispõe seus espaços, corporativos e estatais, de forma a aquinhoar os que vivem de suas migalhas. E deixa claro que tais espaços não são propriamente liberais, por um lado, nem propriamente uma burocracia profissional pública, por outro. São apenas arranjos para os 20% acomodarem-se e defenderem o 01%.

Quem apostar naquela lógica de enriqueça meu patrão para que o lixo dele seja mais calórico, está em bom caminho, a despeito da vulgaridade da formulação.

Pois bem, uma das coisas que esse grupo acha necessário emular é o preconceito de classe do 01% e, como todo imitador subserviente, é mais feroz que o imitado.

Em certas circunstâncias, contudo, a subserviência mostra-se às claras e inibe até o oportunismo. É o sujeito contra ele mesmo, a provar que nunca compreendeu bem que ele mesmo não existe independentemente de sua condição de recebedor de migalhas.

Agora, sondagens mostram que a maioria das classes médias votam no Serra, embora o Serra nada tenha a oferecer-lhes, notadamente à grande parcela que se encontra acomodada nos serviços públicos, independentemente de terem acedido a ele por exames técnicos ou por nomeações, que isso, no fundo, é diferença pouca.

Essa adesão é para demonstrar solidariedade ao preconceito de classe que o Serra representa, ele mesmo um ascendido que precisa mostrar-se mais elitista que as elites.

Acontece que o Serra não dará mais migalhas aos 20%, como provavelmente buscará retirar as migalhas das migalhas do 79%, para cumprir fielmente o pacto com o 01%.

Aumentar os preços do trabalho dos serviçais pode impedir que os 20% tenham-nos em casa a limpar seus banheiros. Garantir rendimentos mínimos a quem nada tem pode surtir os mesmos efeitos. Têm medo disso e votam contra isso.

Todavia, ainda que se mantenham as remunerações dos serviçais baixas, ou que se as reduzam, que seria o supremo gozo dos 20%, se as próprias migalhas reduzirem-se os efeitos são os mesmos! E as pressões continuam a subir.

O primeiro-ministro da Suécia arruma sua própria casa, ou paga caríssimo para alguém fazê-lo. A senhorinha de classe média brasileira tem uma escrava que recebe um arremedo de salário para fazer isso. Acha-se muito bem consigo mesma por, vez e outra, derramar sua grandeza cristã perguntando à escrava como vão aquelas quatro criaturas que ela pôs no mundo e que dormem no chão. Pronto, alma reconfortada.

A senhorinha terá acessos de fúria se a escrava algum dia surrupiar 14 ml daquele perfume francês que ela pediu àlgum parente para trazer do lugar exterior com que sonha, o free shop do aeroporto. O esquema de segurança e coação que trabalha para a senhorinha, que atende pelo nome de polícia, vai deter a escrava e dar-lhe uma surra até que confesse o delito apto a por as bases da sociedade em risco profundo.

A senhorinha, em seus momentos de reflexão íntima, vai ter reforçada sua incompreensão de porque aquela escrava tão bem tratada entregou-se ao crime, à incompreensão das invencíveis diferenças de classe e à ingratidão.

A escrava, depois da surra, ou mesmo antes dela, pode um dia aclarar na sua mente as razões da sedução por aquele líquido enjoado com nome francês. Ela pode, um dia, arrumar os pensamentos e perceber que, tanto ela, quanto a senhorinha, não têm a mais mínima idéia do qualquer coisa além da novela que ambas vêm.

Quantos votos tem o ministério público eleitoral?

Quem age em busca de votos, ou seja, de legitimidade popular para exercer os poderes públicos em nome dos detentores da soberania, pode ser parcial em seus julgamentos.

Quem, ao contrário, retira sua precária legitimidade de algumas palavras alinhadas em mau português, em um texto que atende por constituição, e que tem por função fiscalizar a aplicação da lei, não pode dar o menor sinal de estar a ser parcial.

A sub-procuradora geral eleitoral é favorável à aplicação de uma multa à TV Record, pedida pela coligação do candidato Serra, porque esta televisão teria produzido uma matéria favorável à candidata Dilma Roussef.

Se fosse razoável supor que a fiscal não lê Veja, Época, Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo e que não vê TV Globo eu compreenderia a ânsia fiscalizadora de mão única.

Mas, a julgar por opiniões manifestadas em entrevistas e manifestações oficiais, creio que a fiscal dedica-se, sim, a esses meios de comunicação de massas, que fazem campanha semanal – no caso das revistas – e diária – no caso dos jornais em papel e televisivos – a favor de José Serra.

Fazem campanha aberta, conforme declarado pela chefe da Associação deles, uma funcionária da Folha de São Paulo. Aberta e declarada, no caso do Estado de São Paulo. Aberta e meio dissimulada, no caso da TV Globo, que chegou ao absurdo de utilizar o número do candidato José Serra, o 45, a propósito de comemorar seu aniversário. Tão flagrante, que essa emissora recuou da brincadeira.

A revista Veja é um caso verdadeiramente escandaloso de indigência intelectual, agressividade desmedida, mentira, parcialidade explícita, enfim. É um prolongamento da campanha de Serra, pura e simplesmente, acrescida de alguma dieta para emagrecer e alguma tolice dita por algum ator de novela.

Isso não preocupa a fiscal? Desempenhar esse papel aviltante não a preocupa? Instrumentalizar politicamente uma instituição regiamente paga – sem que ninguém tivesse sido perguntado se a queria pagar – com a finalidade de ser a confiável fiscalizadora da lei parece algo singelo?

Ora, as características maiores da lei são generalidade e abstração e por isso mesmo fala-se que ela é a mesma para todos que se encontrem nas situações previstas. Decorre que fiscalizar a lei é precisamente cuidar para que seja igual para todos, para que tenha seus caracteres de generalidade e abstração. Não é o que está a ocorrer…

Exorcismo, de Carlos Drummond de Andrade. Uma ode anti-obscurantista?

Exorcismo

Carlos Drummond de Andrade

Das relações entre topos e macrotopos

Do elemento suprassegmental,

Libera nos, Domine.

Da semia

Do sema, do semema, do semantema,

Do lexema,

Do classema, do mema, do sentema,

Libera nos, Domine.

Da estruturação semêmica,

Do idioleto e da pancronia científica,

Da realibilidade dos testes psicolingüísticos,

Da análise computacional da estruturação silábica dos falares regionais,

Libera nos, Domine.

Do vocóide,

Do vocóide nasal puro ou sem fechamento consonantal,

Do vocóide baixo e do semivocóide homorgâmico,

Libera nos, Domine.

Da leitura sintagmática,

Da leitura paradigmática do enunciado

Da linguagem fática,

Da fatividade e da não-fatividade na oração principal,

Libera nos, Domine.

Da organização categorial da língua,

Da principalidade da língua no conjunto dos sistemas semiológicos,

Da concretez das unidades no estatuto que dialetaliza a língua,

Da ortolinguagem,

Libera nos, Domine.

Do programa epistemológico da obra,

Do corte epistemológico e do corte dialógico,

Do substrato acústico do culminador,

Dos sistemas genitivamente afins,

Libera nos, Domine.

Da camada imagética

Do estado heterotópico

Do glide vocálico

Libera nos, Domine.

Da lingüística frástica e transfrástica,

Do signo cinésico, do signo icônico e do signo gestual

Da clitização pronomial obrigatória

Da glossemática,

Libera nos, Domine.

Da estrutura exossemântica da linguagem musical

Da totalidade sincrética do emissor,

Da lingüística gerativo-transformacional

Do movimento transformacionalista,

Libera nos, Domine.

Das aparições de Chomsky, de Mehler, de Perchonock

De Saussure, Cassirer, Troubetzkoy, Althusser

De Zolkiewsky, Jacobson, Barthes, Derrida, Todorov

De Greimas, Fodor, Chao, Lacan et caterva

Libera nos, Domine.

O parlamento sueco e algumas práticas brasileiras.

Acima, um videozinho sobre como se remuneram e o que têm à disposição os deputados ao Parlamento do Reino da Suécia, aquele pais quente e pobre.

Lá, os deputados têm à sua disposição apartamentos funcionais de 40m2, lavanderia e cozinha comuns. Não têm assessores, nem carros à disposição. Ora, quem quiser que pague de seu bolso.

A Suécia é um péssimo e subversivo exemplo para o Brasil, esse país de clima agradavelmente temperado e profundamente rico e justo na distribuição dessas riquezas.

Aqui, deputados ao parlamento têm o tratamento adequado a grandes senhores acima da malta, que são. Salários altos, vinte e tantos assessores de livre nomeação – que, às vezes nem existem – passagens aéreas, apartamentos funcionais enormes ou um auxílio-moradia de irrisórios 1.300 euros.

Aqui, andam juntos os símbolos do pertencimento à classe senhorial e as vantagens pecuniárias escandalosas obtidas do erário.

Tribunais de justiça – que são vários e superpostos – têm frotas imensas de automóveis caros à disposição de juízes, que ter carro oficial com motorista à disposição é símbolo de imensa superioridade. Muitos têm residências funcionais pagas pelo erário, muito embora ninguém tenha encontrado uma justificativa minimamente razoável para esse privilégio.

Deputados e juízes têm férias que vão além dos sessenta dias. Os primeiros, na verdade, se quiserem viver em férias, vivem. Não há qualquer razão bastante para esse privilégio, o que os faz, inclusive, rejeitar veementemente qualquer abordagem do assunto. Os coitados, ganham tão pouco!

O jogo sujíssimo do Serra. Um caso de absoluta falta de escrúpulos.

Não vejo televisão desde o mundial de futebol, a copa da África do Sul. Isso não é algum exagero, é que não vejo mesmo, pois não me apetece. Passo bastante tempo conectado à internet, por outro lado, embora ande por poucos sites.

Uma postura da campanha de Serra eu não tinha visto ser anunciada em qualquer site, até hoje, embora supusesse que aconteceria.

Realmente, na semana passada, dizia a Olívia: acho que vão espalhar que Dilma é lésbica, porque essa gente não tem qualquer limite, porque pouco importa que seja verdade ou não e porque uma boa parcela das pessoas é profundamente estúpida e acha que isso é importante.

Ela disse-me que isso já anda circulando por aí. Ontem, falei o mesmo com Severiano e ele me disse: rapaz, já estão fazendo isso, tem até vídeo de uma mulher que afirma ter-se relacionado com Dilma.

Era previsível, bastava saber da falta de qualquer escrúpulo do Serra e da mentalidade estreita de parte da população. Mas, aqui, a coisa é tão vil que a melhor estratégia é mesmo não repercutir, não responder.

O Brasil se parece muito com os EUA em algumas coisas e uma delas é essa profunda estreiteza mental – burrice, mesmo – que se reflete na preocupação das pessoas com as vidas sexuais de políticos e candidatos. Ora, isso é do âmbito privado e devia ser colocado no rol das desimportâncias. É um desassunto, pura e simplesmente.

Não convém deixar-se contaminar pela noção de que as diferenças quantitativas são irrelevantes e que as qualitativas são as únicas e absolutas a serem tomadas em conta. Essa noção deformada é uma variante da tolice despolitizante segundo a qual todos são iguais, segundo a qual não há ideologias e segundo a qual a falta de escrúpulos dos políticos é a mesma.

Isso é falso e existem, sim, relevantes diferenças, qualitativas e quantitativas. O caso de Serra é revelador de uma baixeza muito grande até para padrões políticos brasileiros. No nível em que se encontra a campanha de Serra, percebe-se que não se trata somente de jogo sujo instrumental. É jogo sujo como único resultado possível de uma mente suja, ou seja, é o produto natural da origem natural, muito mais que algo milimetricamente pensado.

É autofágico e sem barreiras. É, enfim, como o sujeito que abre a caixa de Pandora porque quer ver sair de lá o que sabe estar lá.

Nostalgia sinestésica. O cheiro do chão de mosaico.

Um chão de mosaico.

A visão de um chão de mosaico faz-me sentir o cheiro seco de casa velha. E o cheiro seco de casa velha traz-me a imagem de um chão de mosaico. Dificilmente os percebo separadamente.

Nunca morei em alguma casa com piso de mosaico, nem que tivesse cheiro de casa velha, aquele cheiro amarelo e seco de madeira, mas tenho nostalgia disso. Acho-os, o cheiro e a visão, que são as mesmas coisas, agradáveis e bonitos, além de reciprocamente evocadores um do outro.

Uma casa nova, moderna, com piso de cerâmica, mesa de vidro, sofás enormes e estofados, objetos decorativos de metal e vidro, painéis escuros, TVs planas e imensas, não tem cheiro para mim. Quase não tem cor, também, porque não a pode ter sem ter cheiro.

Uma casa de pé direito alto, portas de madeira com bandeiras em cima, tem cheiros ventilados e cambiantes entre o amarelo e o verde. Cheiro velho dentro e novo do corredor ou alpendre para fora. Tem cheiro de panos, nos quartos. De fotos antigas e de cadeira de balanço, na sala. De nada, no banheiro de paredes meadas de azulejos brancos.

Os mosaicos do chão da casa de meu bisavô paterno tinham cheiro de café. E, claro, como sou bastante óbvio, café tem cheiro de mosaico com bolacha cream cracker, cigarro apagado. Farmácia tem um cheiro verde de seringa de vidro bem transparente e…. de mosaico.

Bem, é melhor deixar-me disso, senão vou acabar comprando uma casa velha.

Uso exclusivo em serviço.

As fotografias não ficaram nítidas, que foram tiradas por um telefone. Mas, trata-se de um carro da UFPB – Universidade Federal da Paraíba, cuja sede é em João Pessoa. Nas portas dianteiras, um adesivo amarelo em que se lê UFPB e o clássico USO EXCLUSIVO EM SERVIÇO.

O curioso da estória é que o carro está parado no estacionamento de um centro comercial em Campina Grande e que hoje é dia feriado nacional.

Claro que pode estar em serviço, mas e de estranhar, dadas as circunstâncias.

De minha parte, sou totalmente contrário a esses dizeres que se encontram nas portas dos carros oficiais, notadamente esse USO EXCLUSIVO EM SERVIÇO. É agressivo, tão frequentes são as ocasiões em que vemos esses carros em usos absolutamente fora de serviços públicos.

Assim, banaliza-se uma obviedade, ou seja, que um carro público somente deve ser utilizado em serviço.

Dom Aldo Pagotto, um assessor de Torquemada misturado com filósofo de botequim.

O Bispo de João Pessoa, na Paraíba, Dom Aldo Pagotto, dispôs-se ao ridículo papel de gravar um vídeo – está no youtube, para quem quiser ver e ouvir tolices em tom solene – em que se diz preocupado com a candidata Dilma Roussef, que pretende alterar as bases do cristianismo e da família.

Não sei em que proporções Dom Aldo mistura presunção, ignorância e má-fé, que todos esses fatores podem estar presentes ao mesmo tempo. Na verdade, os dois primeiros geralmente apresentam-se em relações mútuas de causa e efeito. O terceiro é uma possibilidade.

Dizer que a candidata quer alterar as bases do cristianismo é presunção dele a supor uma presunção enorme dela. É ignorância profunda dele sobre as proposições de uma candidatura que não dedicou uma mísera linha de seu programa de governo a temas religiosos.

Dom Aldo joga ao lado daqueles que deixaram há muito as preocupações que caberiam a um Príncipe da Igreja, para servir a uma estratégia eleitoral baseada no terrorismo obscurantista que ficaria bem situada cronologicamente há mil anos. Na verdade, isso é preciosismo meu, porque atitudes como essas são deslocadas de historicidade. Dom Aldo poderia integrar a recente Igreja Argentina, aquela que abençoou e tomou parte ativa ao lado de uma ditadura que matou 30.000 pessoas, incluindo uma e outra freira francesa.

O único programa de governo que mencionou algum aspecto sensível às religiosidades foi o do PV, partido que é legenda anexa ao PSDB, pelo qual disputou o primeiro turno a candidata Marina Silva. O programa defendia a ampliação das possibilidades do aborto, o que é curioso em proposta de uma candidata evangélica, que provavelmente não leu programa algum.

Os programas de governo de Dilma Roussef e de José Serra simplesmente não falam do assunto aborto, tema subitamente alçado aos píncaros da importância para os destinos do país! Os propagandistas do Serra resolveram fazer disso um convite à radicalização e à abordagem da eleição a partir de um viés fundamentalista.

Isso prova a essencial indignidade e o oportunismo rasteiro da campanha de José Serra, que ataca Dilma por algo que ela não propôs! Ou seja, para acusar basta querer fazê-lo e ter o auxílio de alguns Aldos Pagottos, não sendo necessário que a acusação tenha qualquer pertinência com a realidade.

O mesmo Dom Aldo, que se acha importante a ponto de ler um comunicado com voz de locutor de rádio, em que anuncia que Dilma visa a por em risco as bases do cristianismo, ou seja, superestimando a si e ignorando o programa da candidata, é objeto de uma carta escrita por vários leigos, religiosos, diáconos e presbíteros, dirigida ao Núncio Apostólico no Brasil e ao Presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil.

Na carta, os signatários apontam, basicamente, que Dom Aldo tem reiterados e documentados atos de preconceito em relação aos pobres. Que tem atitudes de desdém ou de humilhação relativamente a todas as iniciativas que se refiram a comunidades pobres. Que viola os deveres de discrição de prudência, indo a meios de comunicação de massas tratar de assuntos que não se referem diretamente à Igreja Católica.

É curioso que esse tipo de sacerdote caracterizado pela aversão aos pobres e subserviência aos mais ricos geralmente justifica-se pela separação das instâncias religiosa e política. Não obstante, em flagrante contradição, eles prestam-se a papel político ativo. Ou seja, eles, na verdade, não acreditam na separação que preconizam, apenas utilizam-na como desculpa.

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